domingo, janeiro 31, 2010

Aos Pobres: Apresento Boas Novas

“João, ao ouvir na prisão o que Cristo estava fazendo, enviou seus discípulos para lhe perguntarem: És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro? Jesus respondeu: Voltem e anunciem a João o que vocês estão ouvindo e vendo. Os cegos vêem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres”. (Mateus 11:2-5)

     Acho essa passagem bíblica muito interessante. João Batista, a voz que clamava no deserto e que chegou a dizer publicamente que Jesus era o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, parecia estar meio confuso. Naquele momento estava preso. Na prisão, João devia escutar rumores do que Jesus estava fazendo. O reboliço que causava a cada cidade visitada, as multidões a espera de um milagre, os ensinamentos a cerca do Reino dos Céus e principalmente a conduta de Jesus, muito diferente da conduta dos grupos religiosos de sua época. Seria ele mesmo o Cristo? Essa pergunta deve ter sido pertinente, ao ponto de incomodar João Batista e mandar que os seus seguidores perguntassem a Jesus se de fato ele era o Cristo (aquele enviado por Deus para Salvar a humanidade do pecado).
     A forma que Jesus respondeu é mais interessante ainda. Além de mostrar todos os seus milagres, Cristo ressalta o fato dos pobres terem acesso ao Evangelho. A cada milagre realizado Jesus devolvia a integridade daquelas pessoas perante a sociedade excludente judaica. A doença era tida como uma maldição pelos pecados. Um leproso, só para exemplificar, era excluído do convívio social e familiar. Não podia  participar das festas, não era convidado para casamentos ou jantares, a ninguém poderia tocar e muito menos ser tocado. Para que as pessoas não se aproximassem dele, o leproso deveria gritar: Imundo! Imundo! Assim as pessoas abririam o caminho e ele passaria sem tocar em ninguém.
     Hoje, quem são os “leprosos” de nossos dias? Quem são os excluídos? Quem são os “imundos” que não são tocados pelas pessoas que estão nas igrejas fielmente de domingo a domingo? Hoje, se o Evangelho está sendo pregado aos pobres, é para manobrar os sentimentos dos necessitados. Numa sociedade como a nossa, onde o país em que vivemos ainda possui muitas carências nas áreas de emprego, saúde e moradia, homens que se dizem pregadores apresentam o Jesus corretor de imóveis, agenciador de empregos e médico. Uma pregação materialista em troca do pouco dinheiro que essas pessoas têm e que desesperadas entregam esse pouco que possuem na esperança de alcançarem tal benefício.
     Que o Evangelho seja pregado aos pobres sim, mas não com esse fim. Que apresentem a Eles o Jesus Salvador, e vitorioso sobre o poder do mal. Como afirmou o próprio João, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E que em conseqüência disso os milagres comecem a surgir. Pessoas sendo libertas, ganhando uma nova perspectiva de mundo. “Leprosos” sarados e reintegrados a sociedade. Como igreja não devemos apenas focar na alma do ser humano, e sim no homem como um todo. Completo. Corpo e alma a serviço de Deus. Um homem de barriga vazia não se preocupa com sua alma. Que possamos refletir e agir com urgência.

Um comentário:

  1. O homem contemporâneo vive uma crise universal da fé, conseqüência das desigualdades sociais, que tornam “pobres” frágeis e vulneráveis aos falsos evangelistas que vendem soluções dentro de igrejas e se promovem com o sofrimento alheio em busca de enriquecimento e poder pessoal. Solidários são aqueles que promovem o conforto espiritual aos necessitados, a isto damos o nome de fraternidade, estes são os verdadeiros evangelistas, que trazem a paz espiritual em troca da felicidade alheia, a verdadeira pobreza é a falta de esperança e fé dos que tem cristo no coração...

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