Noite em Claro

    Estava conversando com os meus botões e eles não me diziam nada. Continuei o meu monólogo: Eu, a TV, o centro, o quadro na parede, o sofá e todos os outros objetos que ali estavam. Nada interagia comigo. Tudo tão imóvel, tão quieto. Eu olhava para o chão, depois para o teto, até olhei para nenhuma direção. Não havia nada que prendesse a minha atenção. Que tédio.

    Estava ali sozinho, sem conseguir pegar no sono. Não me lembro de ter havido noite mais longa do que aquela. Liguei um velho rádio a pilha. Meu Deus! Tinha em mãos um aparelho que brevemente se tornará artigo de museu. Faz muitos anos que eu não escutava um radinho. Tive saudades de um tempo que não vivi: A época das cantoras do rádio. Minha avó, dona daquele radinho viveu aquela época. Será que ela curtiu?

    Encontrei uma ótima forma para fazer o tempo passar depressa: Minha mente me reportava a lugares e eras nas quais eu gostaria de ter vivido. Queria ter sido testemunha ocular de tantos fatos históricos...

    A noite se foi e o dia surgiu tão lindo. Quase que eu não percebi. Durante a alvorada eu estava na França de Luís XIV, ironicamente conhecido como Rei Sol. Ah! Um novo dia. Como aproveitá-lo? Como torná-lo inesquecível? Pensarei nisso mais tarde. Agora eu preciso dormir para compensar a noite em claro.