sábado, junho 12, 2010

Vergonha

Como olhar as desigualdades e não sentir vergonha?
Vergonha de se denominar civilizado
Enquanto a criança cata o lixo, bem ao lado
Saber que o desperdício acontece sem pudor
Corações gélidos que desconhecem o amor
Desconhecem o desconforto de dormir ao léu
Noites longas à deriva, numa esquina qualquer
Sem nome, sem prestígio, sem valores
Com fome, muita fome mesmo
Chegam a chorar por não terem o que comer
Cheiram cola, se entorpecem
Embriagam-se para fugir
Fugir de uma realidade tão cruel
Fugir de uma rotina tão perversa
E nós nos vangloriamos a toda hora
Que somos isso ou aquilo outro
Que somos outro ao invés daquilo
Essa pobreza de espírito não é bem-aventurada
É vergonhosa, repugnante, e nos reduz a nada

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