sexta-feira, julho 09, 2010

O que na Verdade Somos?

      “Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos. Sem amor eu nada seria”.Assim começa a música Monte Castelo, da consagrada banda de rock, Legião Urbana. Renato Russo, vocalista e principal compositor da banda, era um homem que apreciava ler. E lia muito. Chegou a ler a Bíblia, ao ponto de transcrever um pouco do seu conteúdo nessa belíssima canção. A letra é parte do capítulo 13 da Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. E não se trata de mera poesia, na ocasião o apóstolo descorria uma doutrina: O amor, que é o suprassumo do cristianismo.

    A palavra usada no original grego é agape. Embora seja um termo grego para denominar o amor, pouco se vê em outros escritos da época. Os pensadores gregos preferiam o termo philos, pois agape parecia muito distante da realidade. Parecia algo não praticável. Um amor que deseja o bem e que se sacrifica de maneira que o ser amado venha usufruir paz, e satisfação. Um amor que acolhe, ajuda, perdoa e investe independente do merecimento. Não existe a questão “merece ou não merece”. No agape, o amor é manifesto em atitudes incondicionais.

    É por isso que agape se torna um termo cristão. Pois na pessoa de Jesus enxergamos que ele, através de seus atos (nascimento, ensino, milagres e morte), agiu em favor da humanidade. E tudo fez por amor. Mas o que está acontecendo então com a Igreja? A sociedade consegue identificar esse amor em nós? O que fazemos para ajudar nossos irmãos na fé? Ou o que fazemos para ajudar a comunidade em nossa volta?

    Buscando a resposta para essas perguntas, não devemos ser extremistas. É bem verdade que há uma deturpação da fé, ao ponto do materialismo entrar no seio da Igreja e ser pregado abertamente. São livros, DVD’s, programas de rádio e de televisão, sites e até Bíblias de estudo voltadas para a temática da prosperidade. O “ter” sendo mais levado em conta do que o ”ser”. A antiga ideia mundana de que receber é ganhar e doar é perder. E quando se doa, é com a expectativa de que a doação se transforme em muitos benefícios rentáveis. E com isso o egoísmo vai florescendo nas comunidades evangélicas.

    Quando Paulo escreveu a igreja de Corinto, sabia muito bem dos seus problemas. Uma igreja indiferente, dividida, mesquinha e vaidosa. Nela haviam pessoas preocupadas em mostrar os seus dons e habilidades. As palavras escritas por Paulo,ecoam as palavras de Jesus. Nenhum dom, nenhum trabalho, nenhuma ação é válida, se a motivação for qualquer outra que não seja o amor.

    Mas a Igreja verdadeira está muito longe dos holofotes da mídia. Quando houve o terremoto no Haiti, artistas de Hollywood foram até lá. Permaneceram ajudando enquanto que a imprensa noticiava os fatos. Quando o assunto desapareceu da mídia, juntamente se foram os atores, cantores e demais concorrentes do Nobel da Paz. Hoje no Haiti, cristãos do mundo todo ajudam aquele país a se reerguer. A Igreja permanece atuante. Semelhantemente ocorre com as igrejas próximas das cidades arrasadas pelas enchentes, tanto em Alagoas como em Pernambuco. São irmãos que se doam, se solidarizam. Pessoas que agem fora do alcance das lentes.

    Esses exemplos não deveriam ser louváveis. Pois se trata de uma obrigação para os cristãos. Papel que deveria ser desempenhado por mim e por você. Papel de todos que professam a fé em Jesus Cristo. No ambiente em que vivemos, muitos fazem da regra uma exceção. Porém como está escrito: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos amei uns aos outros: porque quem ama os outros cumpre a lei” (Romanos 14:8).Como é evidente nesse versículo, meios termos não são válidos.




"O que na verdade somos? O que você vê quando me vê? Se o mundo ainda é mal, o culpado está diante do espelho. O que na verdade somos? O que você vê quando me vê? Pra que serve a luz que não acende, não ilumina a escuridão?"

                                              (Letra da banda Fruto Sagrado)


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