quinta-feira, setembro 30, 2010

O Marketing da Democracia

   Enfim, chega ao fim a Propaganda Eleitoral. Já não agüentava mais ver aqueles velhos marqueteiros mendigando votos, difamando adversários, fazendo apelos em nome de Deus, de Lula, da Ética, dos bons costumes e blá, blá, blá... É vergonhoso assistir a propaganda partidária e ver uma gama de homens e mulheres despreparados, assassinando o português, manipulando fatos e oferecendo soluções miraculosas para todo tipo de mazela social. E o pior de tudo é que celebram a democracia como se ela fosse imaculada.

    Não pode haver democracia enquanto o povo não for educado, pois não sendo educado, é manobrado. O voto no Brasil está longe de ser consciente. É induzido. Seja pela propaganda, seja pelas pesquisas encomendadas. Não podemos louvar um processo democrático que desde o seu surgimento, lá no século XIX, veio sendo manobrado pela burguesia em prol dos seus interesses. Como podemos denominar “Governo do Povo” se o povo não é o maior beneficiado com a política? Mas sim os próprios políticos são os que se beneficiam do poder e no poder, que não por acaso aumentam os seus patrimônios e fazem da vida pública um negócio rentável e hereditário. Sempre se dá um jeito de projetar o filho ou o neto do deputado cicrano, ou o filho do prefeito fulano.

    Como pode uma grande parte da população estar vivendo sem condições dignas de saúde, moradia e alimentação, ser responsável para eleger quem os governa? Acabará sempre perpetuando a sua condição de inferioridade. Assistindo a discursos de crescimento, que falam em uma economia forte, mas que não resulta em melhoria de vida para o cidadão que sai de manhã cedo para trabalhar e só retorna a sua residência quando o sol já se escondeu.

    A visão romântica que se tem da democracia é fruto da ignorância política. Não estou aqui dizendo que sou favorável a regimes totalitários. Apenas digo que a democracia não é inclusiva, ao invés disso, ela mantém a exclusão e a não participação (ao menos consciente) da grande massa. E isso não é novo. Lá em Atenas funcionava do mesmo jeito. Apenas 10% da população tomavam as decisões enquanto que os 90% restantes eram nada mais, nada menos, que meros expectadores. O que será que mudou na nossa boa e velha democracia? Boa pergunta...

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