O tempo e a exatidão

- Moço, que horas são?

- São 18:45.

-Tudo isso? Puxa, estou atrasado!

   O diálogo acima é corriqueiro. Uma pessoa pergunta à hora a outra e daí se situa no tempo e descobre se está atrasado ou se chegará na hora de começar a trabalhar, a assistir aula, a ver seu programa de TV preferido, ir a um encontro ou a igreja. Mas nem sempre foi assim. O tempo dividido de maneira exata, e com isso a propagação dos relógios, teve maior significado na sociedade após a Revolução Industrial.

   Antes disso já havia relógios, e uma divisão do tempo em horas do dia. Só que devemos lembrar que a agricultura era uma atividade muito comum na Antiguidade e principalmente no Período Medieval, devido ao modo de produção feudal. Com isso não se levava em conta dividir a noite, que só servia para descansar, pois logo que o sol nascesse, a labuta na terra começaria outra vez.

   Foi justamente por causa da agricultura que o tempo era medido de acordo com efeitos climáticos, tais como cheias e secas, quando os antigos então administravam quando deveriam plantar e colher. Já essa nossa ideia de “perder tempo” ou como dizem os americanos: “time is mondey” (tempo é dinheiro), como falei antes, é fruto da Revolução Industrial e a consolidação do sistema capitalista.

   Na Idade Média, a sociedade era estamental, por mais que trabalhasse, o servo sempre seria servo e o senhor nunca deixaria de ser senhor. Com a ascensão da burguesia no fim desse período, e a sua crescente participação política e econômica, começa a haver uma mobilidade de classes.  Se o cidadão desse duro, poderia sim, ir melhorando de vida e até criar fortuna. O lema de muitos, principalmente dos puritanos ingleses era: “Deus ajuda quem trabalha”.

   Com a industrialização, a urbanização e a expansão do comércio, fez-se necessário contar o tempo em 24 horas, separando bem quais as horas de produzir e quais as horas de descansar para voltar a produzir. Os antigos estranhavam essa forma, pois acostumados a contar o dia pelo pôr-do-sol, se confundiam quando em estações diferentes escurecia de maneira desigual, mas os horários eram sempre os mesmos.