Os Estados Unidos incentivaram o Golpe Militar no Brasil em 1964. Mas qual seria o interesse dos norte-americanos? O de sempre: manter a sua hegemonia econômica. A Casa Branca estava com a pulga atrás da orelha com o presidente João Goulart, que tinha tendências esquerdistas e falou algo que faz arrepiar os cabelos de qualquer capitalista: reforma agrária. No contexto em que os EUA e a URSS disputavam uma “quebra de braço” para que o seu modelo econômico triunfasse sobre o outro, os olhos de águia do Estado norte-americano se voltaram para a América Latina. Depois da instauração do Socialismo em Cuba, os EUA não podiam mais “dormir no ponto”.
Alguns fatores foram determinantes para aumentar o receio e a vigilância estadunidense. Além da já citada tendência esquerdista de Jango, tivemos anteriormente as Ligas Camponesas, com uma atuação intensa desde 1955 até a consolidação do Golpe. O movimento que surgiu no Engenho Galiléia, em Vitória de Santo Antão, agreste pernambucano, foi ganhando maiores proporções e influenciou outros movimentos na Paraíba, Rio de Janeiro e outras regiões brasileiras. O que começou tendo por objetivo, arrecadar recursos para que os trabalhadores não fossem enterrados em vala comum, foi ganhando cada vez mais uma conotação política e de ideologia marxista. Francisco Julião, ligado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) tornou-se o porta-voz do movimento. A influência comunista era tanta que o lema passou a ser: “Reforma agrária na marra”. As ligas preocuparam os EUA que enviaram Keneddy, não o presidente John, mas seu irmão e senador Robert, para ver de perto o que estava se passando no Nordeste Brasileiro (Foto acima).
Dois outros episódios também deixaram receosa a opinião pública estadunidense, ambos ocorreram em 1962: O primeiro foi em Fevereiro, quando Leonel Brizola estatizou a empresa de telefonia norte-americana no Rio Grande do Sul, e a transformou na Cia. Rio Grandense de Telecomunicações. Já no mês de Setembro, o Congresso Nacional aprova a lei de Remessa de Lucros, proibindo as multinacionais de enviarem todo o lucro para suas sedes no exterior. Na época, 31 empresas americanas estavam entre as mais lucrativas. Tais medidas evidenciavam que a “ameaça vermelha” era real. Em plena Guerra Fria, os EUA não poderiam sequer imaginar que o Brasil, país mais influente da América do Sul e de proporção continental, aderisse ao modelo socialista. Os rumores de uma possível tomada de poder dos militares soaram como uma doce melodia aos ouvidos americanos. O apoio ao golpe era a melhor alternativa para tomar as rédeas e espantar de vez o comunismo.

Nem todo material chegou ao Brasil, e o que aqui já estava não precisou ser utilizado. Ao contrário do que se imaginava Jango não resistiu, e no dia 1º de Abril de 1964, a imprensa anunciava o sucesso do Golpe aplicado pelas Forças Armadas. Era o dia da mentira, mas a notícia era verdadeira. No dia 15 de Abril, o marechal Castelo Branco, vestido com trajes civis, toma posse. Ele tinha fortes ligações com o adido da Embaixada Americana, o general Vernon Walters. Após conversarem sobre os rumos do Brasil, Walters enviava telegramas a Casa Branca sobre o teor da conversa. Esse e outros telegramas, e o áudio de telefonemas do presidente Johnson, falando sobre o Brasil direto da Casa Branca, um material Top Secret classificado pela CIA durante décadas foi oficialmente divulgado em 1997. Como o trecho do diálogo entre Lindon Johnson e Thomas Mann, subsecretário para Assuntos Interamericanos:
"Espero que você esteja tão feliz com o Brasil quanto eu", diz Mann. "Estou", responde o presidente. "Creio que é a coisa mais importante que aconteceu no hemisfério nos últimos três anos", torna Mann. E o presidente: "Espero que nos dêem crédito, em vez de nos infernizarem".
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