quarta-feira, julho 20, 2011

A Baleia Voadora chega à Recife

A visão da "Baleia Prateada" da cidade do Recife 

Parece uma baleia se movendo no mar. Parece um navio avoando nos ares. Credo, isso é invento do cão! Ó coisa bonita danada! Viva seu Zé Pelim! 

Essa poesia é do poeta pernambucano Ascenso Ferreira (primeira fase do modernismo), e tem por título Graf Zepellin, referência ao dirigível homônimo que cruzou o céu de Recife. Foi um grande evento que ocorreu no dia 21 de maio de 1930. Nesse mesmo dia, Júlio Prestes, desembarcava em Washington como Presidente Eleito do Brasil, mas os jornais pernambucanos tinham por manchete a chegada do dirigível prateado.

Construído pela empresa de Ferdinand Von Zeppelin, a baleia voadora como registrou o poeta havia sido o primeiro objeto voador a dar a volta ao mundo no ano anterior. Daí a magnitude da ocasião. O dirigível alemão media 235 metros e atingia uma velocidade espantosa para o seu porte: 110km/h. Sua tripulação era composta por 26 pessoas. Continha ainda um salão de jogos, sala pra leitura, toaletes e cabines muito confortáveis com capacidade para 20 passageiros.

A recepção foi meticulosamente planejada. O Graf Zepellin partira três dias antes numa cidade ao sul da Alemanha. O prateado havia cruzado o atlântico em um tempo admirável.   O Prefeito do Recife decretou feriado e o povo numa mistura de assombro, contemplação e curiosidade foi vê-lo atracado no campo do Jiquiá (foto abaixo). De Lisboa, o comandante, Hugo Eckiner,  enviou mensagem telegráfica ao governador de Pernambuco, enfatizando “a mais fidalga acolhida por parte da população e das autoridades pernambucanas. Vou sugerir que um futuro Zeppelin passe a se chamar Pernambuco”.


No dia 25 daquele mês, os cariocas presenciaram o Graf cortar os céus da Cidade Maravilhosa. Devido ao entusiasmo dos brasileiros, os alemães criaram uma linha regular. A Frankfurt-Rio de Janeirocom escala em Recife. Montou-se então uma mega estrutura para abrigar os dirigíveis, que eram tidos como o futuro dos meios de transportes. Porém o acidente com um deles, o Hindenburg, em Nova Jersey (EUA) em 1937, acabou com a credibilidade na segurança dos prateados. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram carbonizadas.

O glamour se foi, mas as memórias daqueles que viram o prateado em seu vôo majestoso nunca esqueceram. Contam com orgulho e com saudade o dia em que seus olhos contemplaram o transatlântico dos ares que com sua carcaça de alumínio reluzia e encantava a todos com seu brilho singular. Aquela baleia ao avoar” fazia muitos sonhos flutuarem junto com ele. Diante do Graf Zepellin todos eram como crianças.


Um comentário:

  1. cara, vc tem o dom de contar a História, muito bacana esse episódio, principalmente a forma da sua abordagem, sensível até as reações lúdicas daqueles que viram essa baleia avoar...

    ResponderExcluir