segunda-feira, agosto 22, 2011

A Fuga da Corte para o Brasil (Cordel)


Napoleão Bonaparte
General e Imperador
No Século Dezenove
Foi o maior conquistador
Esse baixinho invocado
Era temido e respeitado
Muita gente tinha pavor

E não era pra menos
O cabra era mesmo malvado
Quem o desobedecesse
Acabaria fuzilado
Havia conquistado terras
Através de anos de guerra
E teve o império aumentado

Ele saiu derrubando
Um monte de rei europeu
E no lugar de cada um
Botava um parente seu
Mas havia um tal lugar
Que ele não pôde conquistar
E isso o enfureceu

Se tratava da Inglaterra
A pioneira industrial
Que travou com a França
Uma disputa naval
Na Batalha de Tralfagar
Decidida em pleno mar
Napoleão se deu mal

Sentiu o gosto da derrota
E não gostou nadinha
Mas era a Inglaterra
Que tinha a melhor marinha
A poderosa esquadra inglesa
Venceu a frota francesa
Lascando ela todinha

Algum tempo se passou
Três anos pra ser exato
O Imperador da França
Preparava o grande ato
Se a guerra fosse arte
O general Bonaparte
Era um artista nato

Para acabar com a Inglaterra
Sem precisar guerrear
Pensou numa outra maneira
O inimigo aniquilar
Sua manobra genial
Foi o Bloqueio Comercial
A chapa agora vai esquentar

Muitos foram os países
Que por causa do bloqueio
Entre a cruz e a espada
Eles ficaram bem no meio
De um lado tinha os ingleses
Do outro estavam os franceses
Ambos causavam receio

E não foi por causa dele
Desse Bloqueio Comercial
Que veio para o Brasil
A Corte de Portugal
Com medo de Napoleão
O príncipe Dom João
Deixou sua terra natal

Portugal e Inglaterra
Tinha um acordo selado
Eram nações amigas
Nunca haviam se enfrentado
A ordem do bloqueio
Soava como devaneio
Dom João ficou acuado

A rainha Maria Primeira
Havia enlouquecido
E o seu filho mais velho
Há alguns anos falecido
E foi assim minha gente
Que Dom João virou Regente
De um país enfraquecido

Portugal estava longe
Dos seus anos de glória
As grandes navegações
Não passavam de história
Em livros empoeirados
Estava todo um legado
Já disperso na memória

Era um país atrasado
Com uma pobre burguesia
Falida e enfraquecida
Conservadora em demasia
Uma nobreza decadente
Que esperava do Regente
Obter cargos e honrarias

Dom João também não era
Um monarca poderoso
Dizem que era indeciso
Bonachão e medroso
Tinha pavor de trovão
Era um imenso glutão
Depressivo e preguiçoso

Mas apesar de caricato
O príncipe Dom João
Conseguiu uma façanha
Ele enganou Napoleão
Fingiu ser seu aliado
Mas já estava combinado
Pra fugir com proteção

Auxiliado pelos ingleses
Rumo ao Brasil embarcou
Toda corte veio Junto
Portugal a mercê ficou
Foi invadido pela França
E ficou sem esperança
Seu soberano o abandonou

Foram cem dias de viagem
Até chegarem ao Brasil
Aportaram em Salvador
Depois seguiram pro Rio
Que virou a capital
Do Reino de Portugal
Isso nunca ninguém viu

Jamais um monarca europeu
Pisou em solo americano
E mesmo não sendo rei
Dom João era um soberano
Sem coroa governava
E do Brasil até gostava
Passando aqui treze anos

E logo assim que chegou
Assinou um tratado
Abriu os portos brasileiros
Para os produtos importados
Que vinha lá da Inglaterra
Diretinho pra nossa terra
Pra ser comercializado

E foi muito lucrativo
Para o comércio inglês
Os produtos lusitanos
Por aqui não tinham vez
Quase tudo aqui usado
Da Inglaterra era comprado
Veja que insensatez

Tinha até patins de gelo
Exposto nas prateleiras
Tecidos de todo o tipo
Vestidos pras brasileiras
Porcelana e prataria
Coisas para o dia-a-dia
Como mesas e cadeiras

Esse foi o preço pago
Pela a ajuda recebida
Pois pra tudo existe um preço
Nada é grátis nessa vida
Com esse acordo selado
E o governo aqui instalado
A coisa estava resolvida

Evitou-se o enfrentamento
Com as tropas de Napoleão
Quando os franceses chegaram
Anunciando a invasão
Já estavam em alto mar
Só esperando aportar
Pra garantir sua salvação

E no período Joanino
Muita coisa aqui mudou
E o Rio de Janeiro
Foi o que mais melhorou
Ganhou jardim e um jornal
A biblioteca real
E um banco inaugurou

Com o Imperador francês
Finalmente derrotado
Dom João não quis voltar
Estava bem adaptado
Mas os portugueses à toa
Ameaçaram a sua coroa
E ele partiu contrariado

Deixando aqui desenhado
O cenário pra independência
Caindo nas mãos de Dom Pedro
Realizar essa incumbência
E os ingleses outra vez
Com perspicácia e lucidez
Tiveram a sua influência

Mas essa é outra história
Que depois irei contar
Fazendo uso como sempre
Da poesia popular
Finalizo minha setilha
E veja só que maravilha
Poder com as rimas estudar

*fim*

5 comentários:

  1. Grande professor d história e cordelista, q ensina c humor e louvor!!!! Sorte dos alunos que o tem como educador meu amigo! Aproveitando o espaço seu cordel me fez lembrar o FLIM 2011, A segunda Festa Literária de Santa Maria Madalena que este ano tera espaço para o cordel! quem quiser conferir é so acessar o http://flim-festaliterariademadalena.blogspot.com/ , Se eu encontrar cordeis tão bem elaborados como os q vc meu amigo, sempre tem apresentado no Batedeira, me darei p satisfeita! Ate me deu vontade d arriscar umas rimas! rsrsrs.... Ta mto legal jovem poeta! bravo, bravíssimo, mil aplausos p ti!!!!!!! Beijinhos e p constar! sempre marcando presença no seu belíssimo espaço!

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  2. Beleza Thiago, é a história contada da nossa forma tão pecualiar, só falta a viola, quem sabe você futuramente, não faz isso com o apoio da viola e dos violeiros, não precisa ser tão perfeito! Sucessos.

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  3. Então Edimilson, vamos fazer essa parceria? rsrsrs...

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  4. Tenta fazer sim verônica, quem sabe o Rio não ganha uma cordelista? rsrsrs...

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  5. Que cordel maravilhoso poeta!!!!
    Assim fica fácil aprender mesmo...
    Esse episódio da nossa história jé é bom,
    e contado dessa maneira supera todas as expectativas!!!

    Um abraço!

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