Paciência: Game Over

Nas noites de Segunda-Feira costumo assistir o CQC, programa exibido pela Band. Gosto da maneira que eles abordam a política brasileira, e mesmo usando o humor, falam sério e prestam um serviço de conscientização aqueles que acompanham as suas matérias. Ontem, foi vinculada mais uma ótima durante a eleição que iria caçar ou não a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) realizada no dia 30 do mês passado.

Outra vez a justiça foi posta de lado. Mesmo com um vídeo mostrando a Deputada embolsando um montante de verdinhas (R$ 50 mil), no esquema que ficou conhecido como “Mensalão do DEM”, ela foi inocentada. Para que tivesse o mandato cassado ela precisava de 257 votos, porém só 166 votaram a favor da cassação. E quem acobertou a coleguinha? Quem? Nem ao menos isso sabemos, uma vez que o voto dos parlamentares é secreto.

A repórter Mônica Iozzi perguntou para muitos deputados sobre os seus votos, e na maior cara dura, boa parte disse que não revelaria por ser tratar de uma votação fechada. Parlamentar agora não é mais pessoa pública? A população não precisa saber o que eles fazem, dizem e votam? Esse sigilo nos processos da Câmara é antidemocrático. Não tem o menor cabimento esconder do povo o exercício de poder que o próprio povo a eles conferiu.

Precisamos reformular a nossa política urgentemente. Esse voto sigiloso é um resquício da Ditadura Militar, que naquele contexto tinha fundamento. Servia para que a oposição (mesmo sendo consentida) não sofresse represália mediante a sua posição nas urnas. Só que agora serve apenas para alcovitar as sujeiras que os senhores políticos fazem. A absolvição de Jaqueline Roriz é um desrespeito pra com os brasileiros. É chamar a população de trouxa!

Ainda sobre a matéria do humorístico da Bandeirantes, um flagra chamou a atenção e claro, nos deixa ainda mais boquiabertos com tamanho desrespeito ao eleitores. O Senhor Nelson Meurer, deputado federal (PP –PR) que já está no seu quarto mandato, estava jogando paciência em pleno plenário durante o processo de cassação. É mole? E sabe qual slogan que ele usa? “Trabalho e Resultado”. O que você acha disso trabalhador brasileiro? O que seu patrão faria se te flagrasse jogando em hora produtiva? Haja paciência...

Vale lembrar que nesse caso nós somos os patrões. O poder emana do povo, já dizia o velho Rousseau. Do jeito que colocamos esses homens lá, também podemos tirá-los. Nossos políticos estão mesmo “jogando com a nossa paciência”. Vamos mostrar pra eles que ninguém aqui é Jó, e que esse cinismo, esse descaso e essa pouca vergonha deve ser cortada pela raiz. O Game Over está nas nossas mãos. Chega de corruptos absolvidos. Chega!