sábado, outubro 08, 2011

Freando o Bonde



Pode-se dizer tudo o quer na televisão? Liberdade de expressão deve ter normas ou limites? Censura é tão ruim quanto dizem ou é uma forma de controlar a qualidade da programação? Essas perguntas são polêmicas e as opiniões divergem bastante. Fatos recentes trouxeram a tona essa discussão, que está muito longe de acabar.

O tuiteiro mais influente do mundo (segundo o New York Times) Rafinha Bastos acabou afastado do programa CQC, no qual apresenta ao lado de Marcelo Tás e Marco Luque. O motivo foi uma piada a respeito da cantora Wanessa Camargo que está grávida. O humorista afirmou que “comeria ela e o bebê”. Essa gracinha, de mau gosto pra muitos, foi o que gerou a sua ausência no último programa, exibido nesta segunda-feira 03/10.

Muitos repudiaram a ação da BAND, que foi taxada de “puritana”. Mas é certo que as programações televisivas, principalmente as humorísticas estão sem um pingo de noção já faz um tempo. E pra piorar, as mulheres são sempre alvos de insultos que as denigrem. O corpo é explorado e a inteligência questionada. O Pânico na TV, por exemplo, é especialista nisso.

A sexualidade, a nudez e a vulgaridade tão tangível às crianças e adolescentes, quer seja pra aumentar a audiência ou quer seja para vender algum produto. A campanha da grife HOPE, com Gisele Bündchen só de lingerie ensinando as mulheres a falar para seus maridos coisas do tipo “bati o seu carro” sem levar bronca, foi vista com maus olhos pela Secretaria de Política para as Mulheres, que enviou um pedido de processo a Conar (órgão que regulamenta as propagandas).

O alvo da vez agora  é a Rede Globo: Primeiro, o quadro do Zorra Total, em que a personagem Valéria no final sofre assédio sexual em um metrô lotado. O Sindicato dos Metroviários de SP pediu a saída do quadro e a Secretaria de Política para as Mulheres enviou uma carta de apoio pela iniciativa dizendo: “Parabenizamos a iniciativa e endossamos a necessidade de ações como esta que visam desconstruir discursos de uma cultura que, até camuflada no humor, perpetua a violência simbólica contra as mulheres”.

Segundo, a ministra Irany Lopes enviou uma sugestão para que a Globo ajudasse a divulgar o serviço de Atendimento à Mulher e Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 na novela Fina Estampa. Pois a personagem Celeste é rotineiramente agredida pelo marido e até agora agiu com passividade. O escritor Agnaldo Silva não gostou do que chamou de “interferência”.

Talvez a Novela seja o instrumento áudio-visual que mais influencia a população brasileira. É mesmo bom que seja divulgado campanhas construtivas e educativas. Bons exemplos não faltam. E ruins também. Por isso, considero essencial que a mídia tenha uma regulamentação mais atenta e rígida. Se querem denominar isso como censura, que seja. Não acho que seja tão ruim assim...

Estão jogando os valores morais no lixo em nome de uma “liberdade” que ao invés de construir uma sociedade melhor vem se mostrando destrutiva. A televisão está como um bonde sem freio. Será que só quando bater e causar um enorme estrago vão atentar para o fato? Já dizia um velho adágio usado por minha avó: “melhor é prevenir do que remediar”. Basta chegarmos a um meio em que não se castre a produção artística, mas sim a qualifique de maneira que ninguém se sinta prejudicado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário