Pode-se dizer tudo o
quer na televisão? Liberdade de expressão deve ter normas ou limites? Censura é
tão ruim quanto dizem ou é uma forma de controlar a qualidade da programação?
Essas perguntas são polêmicas e as opiniões divergem bastante. Fatos recentes
trouxeram a tona essa discussão, que está muito longe de acabar.
O tuiteiro mais
influente do mundo (segundo o New York Times) Rafinha Bastos acabou afastado do
programa CQC, no qual apresenta ao lado de Marcelo Tás e Marco Luque. O motivo
foi uma piada a respeito da cantora Wanessa Camargo que está grávida. O
humorista afirmou que “comeria ela e o bebê”. Essa gracinha, de mau gosto pra
muitos, foi o que gerou a sua ausência no último programa, exibido nesta
segunda-feira 03/10.
Muitos repudiaram a
ação da BAND, que foi taxada de “puritana”. Mas é certo que as programações
televisivas, principalmente as humorísticas estão sem um pingo de noção já faz
um tempo. E pra piorar, as mulheres são sempre alvos de insultos que as
denigrem. O corpo é explorado e a inteligência questionada. O Pânico na TV, por
exemplo, é especialista nisso.
A sexualidade, a nudez
e a vulgaridade tão tangível às crianças e adolescentes, quer seja pra aumentar a
audiência ou quer seja para vender algum produto. A campanha da grife HOPE, com
Gisele Bündchen só de lingerie ensinando as mulheres a falar para seus maridos
coisas do tipo “bati o seu carro” sem levar bronca, foi vista com maus olhos
pela Secretaria de Política para as Mulheres, que enviou um pedido de processo
a Conar (órgão que regulamenta as propagandas).
O alvo da vez agora é a Rede
Globo: Primeiro, o quadro do Zorra Total, em que a personagem Valéria no final
sofre assédio sexual em um metrô lotado. O Sindicato dos Metroviários de SP
pediu a saída do quadro e a Secretaria de Política para as Mulheres enviou uma
carta de apoio pela iniciativa dizendo: “Parabenizamos a iniciativa e
endossamos a necessidade de ações como esta que visam desconstruir discursos de
uma cultura que, até camuflada no humor, perpetua a violência simbólica contra
as mulheres”.
Segundo, a ministra
Irany Lopes enviou uma sugestão para que a Globo ajudasse a divulgar o serviço
de Atendimento à Mulher e Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 na novela
Fina Estampa. Pois a personagem Celeste é rotineiramente agredida pelo marido e
até agora agiu com passividade. O escritor Agnaldo Silva não gostou do que
chamou de “interferência”.
Talvez a Novela seja o
instrumento áudio-visual que mais influencia a população brasileira. É mesmo
bom que seja divulgado campanhas construtivas e educativas. Bons exemplos não
faltam. E ruins também. Por isso, considero essencial que a mídia tenha uma
regulamentação mais atenta e rígida. Se querem denominar isso como censura, que
seja. Não acho que seja tão ruim assim...
Estão jogando os
valores morais no lixo em nome de uma “liberdade” que ao invés de construir uma
sociedade melhor vem se mostrando destrutiva. A televisão está como um bonde
sem freio. Será que só quando bater e causar um enorme estrago vão atentar para
o fato? Já dizia um velho adágio usado por minha avó: “melhor é prevenir do que
remediar”. Basta chegarmos a um meio em que não se castre a produção artística,
mas sim a qualifique de maneira que ninguém se sinta prejudicado.
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