Natais Efêmeros

Qual a sua reação diante a imagem que estampa esse Post? Choca não é? Essa arte é característica de Banksy, um britânico que com suas intervenções urbanas tem dado uma “tapa com luva de pelica” na sociedade, tão hipócrita como é a nossa. No fim, tudo tem um preço. Nada é gratuito. Nos relacionamos e nos focamos naquilo que gera lucro. O negócio é sair ganhando sempre.

Nem a fé tem escapado. Datas religiosas como páscoa e natal são bombardeadas por propagandas dos mais diversos produtos, das mais diversas utilidades e inutilidades. Tanto que o Papai Noel que conhecemos é herança do marketing da Coca-Cola. A máxima de Descartes no qual diz: “Penso, logo existo” parece que perdeu a validade nos dias de hoje. A “onda” agora é: “Tenho, logo sou.”

Devemos atentar urgentemente para as pessoas e não para as coisas. Pode-se pintar a casa, iluminar com pisca-pisca, colocar guirlanda, usar roupa nova e comer panetone a vontade. A questão é que tem tanta gente só focada na decoração que esquece que o seu coração não tem adorno. Se o mesmo cuidado em montar o presépio fosse dado para se envolver com o seu próximo, esse mundo seria bem melhor.

Enquanto comercializarmos tudo, até o Cristo, as nossas relações interpessoais estarão fadadas ao fracasso. Pode até não haver conflitos, mas não por questão de afinidade, e sim de efemeridade. E a hipocrisia continuará “correndo solta” pelas confraternizações empresariais, ceias natalinas em família e na troca de presentes do amigo oculto...Falando nisso: não me dêem nenhuma caneta ou agenda, estou preferindo um vale-compra.