terça-feira, julho 31, 2012

Jesse Owens: Um Atleta, Um Heroi, Um Mito

Já que estamos em clima de Jogos Olímpicos, na qual está sendo muito engraçado ver a GLOBO noticiando o que acontece em Londres de um modo superficialíssimo - com notas rápidas e imagens estáticas - devido a exclusividade de exibição garantida pela RECORD, eu gostaria de resgatar a História que considero mais impactante de todas as Olimpíadas da Era Moderna.

Refiro-me a Jesse Owens, ganhador de quatro medalhas de ouro no atletismo (100 e 200 metros rasos, salto em distância e revezamento 4x100), nos Jogos de Berlin, em 1936. Negro, de origem pobre, natural de Dallas-EUA, o menino James Cleveland Owens cresceu com a hostilidade racial dentro do seu próprio país, o que talvez tenha lhe fortalecido bastante para competir diante de um ufanismo ariano com direito a presença do Fuhrer Adolf Hitler.

Neto de escravos, Jesse era o penúltimo dos 11 filhos que seus pais tiveram, e sem muita opção, foi trabalhar nas plantações de algodão. Conheceu o atletismo aos 15 anos de idade, quando seus pais mudaram de estado, passando então a morar com a família em Ohio. Em apenas três anos como atleta, tendo 18 de idade, atingiu a impressionante marca de 10 segundos e 3 centésimos. Esse tempo foi o suficiente para lhe assegurar uma vaga na Universidade estadual, na qual dividia seu tempo entre as aulas, os treinos e um emprego de frentista.

Mas foi na Alemanha que Owens entrou definitivamente para os anais da história, sendo o primeiro atleta a ganhar quatro ouros. Feito inédito e que perdurou anos e anos. E conquistar isso no auge da propaganda nazista de que a “raça ariana” era superior a todas as outras só faz abrilhantar esse feito fantástico. Além das vitórias, sua postura generosa e respeitosa para com os seus adversários também foi marcante. Foi por muitos anos amigo do alemão Luz Long, no qual derrotou no salto em distância numa disputa acirrada, deixando a medalha de prata para o germânico.

Chagando nos EUA, desfilou em carro aberto e recebeu as honras de herói nacional. Acontece que essas honrarias não pagam as contas e emprego não lhe era oferecido. Pra sobreviver fazia “bicos” em postos de gasolina e corria contra cavalos. O preconceito racial não acontecia somente em território alemão, era forte demais no seio da sociedade norte-americana que vivia uma segregação rígida e cruel. Jesse Owens morreu aos 66 anos decorrente de um câncer no pulmão, e partiu com algumas mágoas pela falta de reconhecimento por parte dos seus compatriotas.

3 comentários:

  1. " É mais fácil partir um átomo, do que quebrar um preconceito"
    (Einstein)

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  2. É duro o que eu vou falar, mas ele ter se destacado no esporte não diminui o preconceito, ao contrário, o aumenta! Deixe-me argumentar... a imagem do negro é sempre mais vinculada ao que é natural (mais próximo da natureza), ou seja, ao vigor físico, à explosão muscular, à incrível aptidão para os esportes e nunca por sua racionalidade ou capacidade intelectual. É claro que isso tá mudando aos poucos, mas ainda temos muito preconceito pra quebrar...

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