sexta-feira, agosto 17, 2012

Pra Você Cooperar


Dizem que ela existe pra ajudar! Dizem que ela existe pra proteger! Eu sei que ela pode te parar! Eu sei que ela pode Te prender!... Polícia! Para quem precisa. Polícia! Para quem precisa De polícia... Dizem pra você obedecer! Dizem pra você responder. Dizem pra você cooperar! Dizem pra você respeitar!... Polícia! Para quem precisa Polícia! Para quem precisa De polícia...
                                                                                                       Titãs

Essa música fez muitos jovens vibrarem e soltarem o grito preso na garganta, após o Brasil ter vivido um longo período ditatorial, lá pelos meados da década de 1980. Um protesto contundente e atemporal. Hoje mesmo, o mundo assistiu estarrecido as imagens brutais ocorridas na África do Sul. Um grupo de mineiros que protestava por melhores condições de trabalho e ajuste salarial, na região de Marikana, foi cercado e alvejado por policiais, que abriram fogo mesmo diante das câmeras.

Lamento o ocorrido, mas não me surpreende nenhum pouco. Como afirma Leon Tolstói - em sua obra “O Reino de Deus está em Vós” - o uso das forças coercitivas é ferramenta indispensável para a manutenção do poder estatal:

A base do poder é a violência física; e a possibilidade de submeter os homens a uma violência física é, sobretudo, devida a indivíduos mal organizados, que agem concordando embora estejam se submetendo a uma só vontade. E, reunidos, indivíduos armados que obedecem a uma vontade única formam o exército. O poder encontra-se sempre nas mãos dos que comandam o exército, e sempre todos os chefes do poder – dos cézares romanos aos imperadores russos e alemães – preocupam-se com o exército mais do que com qualquer outra coisa, e somente a ele adulam, sabendo que, se ele está do seu lado, seu poder está assegurado.”

A formação desses exércitos não ocorreu com o intuito de proteger a sociedade ou a pátria de inimigos externos, como nos foi transmitido. Na verdade, tudo não passa de uma violência institucionalizada que resulta na submissão de todos. São os militares que recebem a incumbência de “manter a ordem” e assim, amparados legalmente vão “baixar o sarrafo” naqueles que se opuserem ao poder. Serão pessoas comuns, em busca de melhoria de vida, que vão ser alvos da força bruta.

Alguns podem até dizer que estou alardeando demais e que o contexto é totalmente diferente da Rússia Czarista do século XIX, na qual Tolstói viveu. Hoje existe a tal Declaração dos Direitos Humanos e blá, blá, blá...Só tem um detalhe: Contra fatos não há argumentos. Esse de hoje é mais um que reverbera essa realidade cruel. não é um caso isolado, veremos muito mais episódios desse tipo estampados nos jornais.

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