Nesses
tempos de Deputado-Pastor acusado de homofobia e racismo, presidindo
a Comissão de Direitos Humanos e Minorias na Câmara, o que você
diria se te convidasse para um filme no qual a frase inicial é a
seguinte: “A
vinda dos africanos para a América plantou a primeira semente de
desunião”? A polêmica não para por aí. O enredo com mais de 3
horas de duração do primeiro épico das telas do cinema (ainda
mudo)destila racismo do começo ao fim. Trata-se da obra “O
Nascimento de Uma Nação”, do audacioso cineasta D. W. Griffith.
Custando
$ 2 milhões de dólares (valor atualizado), quantia até então
nunca usada para uma produção cinematográfica, o filme ambientado
na Guerra de Secessão estadunidense inovou em vários aspectos e
levou muita gente pras salas de cinema, numa época (1915) em que
isso era luxo. A estética do filme é aclamada até hoje, pois foi
pioneira em tomadas externas, atuações em planos distintos, grande
figuração e a utilização do close. Mas se por um lado, a forma é
genial, por outro, o roteiro foi e continua sendo alvo de muita
polêmica, por denegrir a imagem do negro (atores brancos pintados
representam os caricatos ex-escravos) e apontar o surgimento da Ku
Klux Klan como salvadora nos EUA e aparelho de integração entre o
Norte e o Sul.
A
história tem um romance shakespeariano, um casal apaixonado que
passa por maus bocados, devido suas famílias estarem em lados
opostos na guerra. Como se não bastasse, o vilão é um congressista
negro e tarado que tenta “pegar a força” a mocinha. Falando em
congresso, há uma cena em que os negros aparecem, alguns bebendo ou
comendo galinha e outros com os pés descalços sobre as mesas. O que
fica óbvio é a intencionabilidade de culpar a Abolição pelo
conflito que dividiu um país ainda em construção. Há dois tipos
de negros: Os bons, escravos dóceis mui fiéis aos seus senhores. E
os maus, que lutaram por sua liberdade causando um conflito sem
precedentes que vitimou mais de 600 mil pessoas.
O
fato do mocinho ser um dos fundadores da KKK, defendendo a supremacia
da “raça branca” e os valores do protestantismo como os pilares
para o soerguimento dos EUA foi outro ponto indigesto. Após ter sido
exibido na Casa Branca, o então Presidente retratou-se dizendo que
desconhecia o conteúdo e o classificou como repugnante, embora
outras fontes afirmem que houveram outras sessões, organizadas
secretamente. Na tentativa de “salvar sua pele” Griffith, em
1916, lançou “Intolerância”, um fracasso gigantesco.
Pois
bem, não sei se o Feliciano viu “O Nascimento de Uma Nação”,
ou se seu preconceito é uma construção advinda de outras fontes,
todavia, o povo brasileiro assiste um dos episódios mais esdrúxulos
da “Era Dilma”. Preconceito contra negros, gays e também contra
cristãos-evangélicos estão expostos nas redes sociais e os
intolerantes com sua pseudociência, religiosidade ou ativismo
auto-promocional causam uma pequenina secessão em nossa Terra
Brasilis. Eis o que chamo de “Nascimento de Uma Aberração”. E o
cômico (pra não dizer trágico) é ver que estamos discutindo a
mesma coisa que foi debatida há quase cem anos. É muita patetice!
Thiago meu amigo, muito o bom texto. Como vc pode ver isso foi uma coisa q aconteceu a 100 anos atras em um pais muito mais avançado q o Brasil. Nesse pais tão atrasado não me espanta em ver esse tipo de coisa acontacer por aqui, não acho correto tbm essa onda de preconceito de ambos os lados, mas ainda temos muito o q aprender e mudar.
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