quarta-feira, maio 08, 2013

Parem de Falar Bobagem


Lílian, 26 anos, exibe seu barrigão na Cracolândia

Depois que inventaram as redes sociais, todo mundo se acha digno de versar sobre todo e qualquer assunto. Mesmo sem bases, o pessoal sai dando opiniões simplórias em questões complexas, e não satisfeitos, tentam convencer os demais que o seu efêmero conhecimento deve ser assimilado, compartilhado pelos demais. A polêmica da vez é o programa piloto do Governo de São Paulo, que vai disponibilizar cerca de R$ 1,3 mil mensais pra o tratamento de dependentes do crack. Valor que ficará em posse das famílias, será repassado para uma clínica de reabilitação privada credenciada.

O programa não é novidade, em Minas Gerais já existe. Também não foram divulgadas as clínicas e nem os dez primeiros municípios que serão inseridos inicialmente. Mesmo assim, o pessoal já apelidou de “Bolsa Crack” o Cartão Recomeço e já começa a tecer comentários do tipo: “É, como sempre o governo incentiva o que não presta. Já não basta o auxílio reclusão, agora isso?” E mais: “O Brasil é uma piada mesmo, bandido e drogado tem mais vez que o trabalhador que da duro todo santo dia pra ganhar uma merreca que é o salário mínimo.” Tais comentários reverberam e ganham aplausos de muita gente que não faz a mínima ideia do absurdo que diz, e também é aplaudido por uma galera que é politizada, mas joga sujo na hora de fazer oposição, apelando para tais argumentos, dignos do senso comum.

Qual é meu povo? Você se sente tentado a dar um “tiro na lata” pra ganhar dinheiro do governo? Conhece quem pensa assim: “Ah, tô desempregado, vou usar Crack pra ter dinheiro pra comer” ? Não entendo em que ponto existe tal incentivo. E também não devemos misturar as coisas. O valor do Salário Mínimo não tem nada a ver com esse auxílio. Até porque é uma fatia muito pequena da população que irá receber, apenas usuários de Crack. Ademais, o tratamento para dependentes químicos é mesmo caro, não se pode recuperar ninguém com o valor do Mínimo. Vamos parar com esse disparate. O Cartão Redenção precisa do apoio da população, pois o combate ao Crack virou caso de saúde pública.

Quantos de nós não vimos as Cracolândias se expandirem entre diversas metrópoles brasileiras, deixando os cidadãos aterrorizados com a multidão de gente concentrada para consumir as pedras em plena luz do dia? São Paulo tentou a internação compulsória, medida contestada e ineficiente, pois esbarrou na falta de leitos públicos para atender a demanda. Essa parceria com as clínicas privadas é de grande valia. O cartão não ficará em posse do “drogado”, como dizem os “antropólogos facebuquianos”. As famílias receberão o benefício e terão que repassar o dinheiro diretamente a clínica que realizar o tratamento.  E só usuários que já foram tratados pelo SUS (no mínimo durante seis meses) serão contemplados.

Peço encarecidamente aos internautas que leiam mais, se aprofundem mais, antes de discorrer sobre qualquer tema. Parem de falar bobagens e procurem qualificação. Pessoas pequenas discutem entre si coisas inúteis. O Recomeço deve ser abraçado pela sociedade, e caso não caminhe como deveria, cabe a mesma cobrar das autoridades competentes para que tudo seja gerido de maneira que atinja o objetivo, que nesse caso é reduzir os danos que essa maldita pedra branca vem provocando. Se não houver resolução todos sofremos. E se não abraçarmos esse tipo de causa, de nada vale o grito desesperado pela redução da maioridade penal. Pensem nisso!

Um comentário:

  1. É por essas e outras que eu não entro nas redes sociais...estou muito jovem para ter um ataque fulminante.

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