Olhei pra cima e vi um coelho esculpido no topo de um
edifício na Rua da Imperatriz, bairro da Boa Vista, Recife-PE. O nome do prédio
não podia ser outro: Edifício Coelho. Passei por toda aquela rua, atravessei a Ponte
de Ferro e cheguei ao bairro de Santo Antônio. Minutos depois voltei, olhei
novamente para o roedor de pedra e o fotografei com meu aparelho celular.
Interessante é que nunca tinha notado a sua presença, logo eu
que trabalhei nesta rua por um ano inteiro. Acredito que quase ninguém se dá
conta das fachadas seculares que ficam por sobre as lojas de sapato, roupas,
farmácias, livrarias e restaurantes, etc. Isso me lembra algo...
Todos conhecem a estória de Alice no País das Maravilhas,
obra literária que imortalizou Lewis Carroll. Quem não leu o livro, deve no
mínimo, conhecer a versão cinematográfica da Disney, um clássico da animação.
Pois bem, o Coelho Branco é um personagem que aparece atordoado e fala para
Alice que está atrasado, muito atrasado. Só não se sabe o destino e nem mesmo
por qual motivo se atrasou. Isso me parece familiar demais...
Temos mesmo muita pressa de chegar, mas não sabemos qual o
destino final. Se perguntarmos as pessoas, o motivo de tanta correria, a
maioria delas vai dizer que está em busca da felicidade. Por isso correm tanto
sem apreciar o mundo em sua volta e desconhecem os “coelhos que estão nos
edifícios”. Mas a felicidade vale todo esse corre-corre?
Gosto da comparação do filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard.
Ele compara a felicidade com as estrelas, que são usadas pelos navegantes como
instrumentos de navegação. O objetivo do navegador não é chegar a Ursa Maior,
ele apenas a persegue para orientar-se. De igual modo, não devemos fazer da
felicidade um ponto de chegada, como diz o teólogo Ed René Kivitz, mas sim um
caminho pelo qual se vai. É a forma de se caminhar que faz toda a diferença.
As pessoas dizem que serão felizes depois do casamento, ou
então quando passarem em um concurso público, e tem até aqueles que acreditam
que a felicidade virá com a aposentadoria. Ledo engano. Quanto mais corremos
atrás dela, mas ela se distancia de nós. Tal qual o horizonte. Precisamos andar
de maneira despretensiosa e um pouco mais atenta.
Ao fazer as suas compras de Natal, se passar pela Rua da
Imperatriz, dê uma olhadinha para cima. O coelho está lá, no topo do prédio.
Ele observa transeuntes que com pressa de encontrarem essa tal felicidade,
perdem os momentos que realmente fazem sentido para uma vida não se tornar vã. Não
espere a virada do ano. Em 2013, você ainda pode viver muita coisa. Apenas
comece.
Bem escrito, meu velho! Chega a ser o retrato do nosso tempo: a vida sempre é uma correria que acaba nos atropelando e nos torna insensíveis a uma gama de coisas bonitas, simples e gratuitas, que tornariam nossos dias bem melhores.
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