sexta-feira, maio 14, 2010

Falta pão? Revolução!





     Muita calma nessa hora, caro leitor. Não pense que estou incitando um levante caso os padeiros decidam decretar greve. Não sei se eles estão insatisfeitos com as condições de trabalho, mas se for o caso...Sei que ficar sem comer um pãozinho no café da manhã seria dureza. Foi justo a falta de pão, um fator decisivo para o evento que mudou a política, a economia e a sociedade, estabelecendo uma nova ordem mundial. Esse evento foi a Revolução Francesa.
    Em 1787, dois anos antes do estopim da Revolução, a França passava por uma terrível crise financeira. Pra se ter uma ideia, o déficit era 20% maior que as entradas globais do reino. Para completar, os franceses tiveram que enfrentar um rigoroso inverno que destruiu a safra de trigo. Isso fez com que o preço do pão (principal produto da dieta francesa) subisse ao ponto de valer um salário mensal.
     Com uma população campesina faminta a sociedade francesa estava à beira de um colapso. Não era fácil a vida de um camponês. A morte era implacável, 45% dos franceses morriam antes de completar dez anos de idade. Para sobreviver era necessário comer. Como se não bastasse essas condições miseráveis, a massa campesina tinha de pagar impostos, enquanto que os nobres luxuriosos eram isentos do pagamento, assim como os membros do clero. Essas condições foram determinantes para a Revolução, pois o povo faminto foi até as ruas e agiram com violência, transformando as Paris em um inferno. Eles não estavam apenas famintos por comida, queriam também saciar a sua fome de justiça. Queriam uma solução. Por isso foram até o Palácio de Versalhes, bateram na porta do Rei Luís XVI e exigiram mudança.
    Luís XVI assumiu não só o trono de seu antecessor, ele também foi “contemplado” com uma dívida contraída na Guerra das Treze Colônias Americanas. Com o intuito de discutir medidas para controlar a crise financeira, o monarca francês convoca os Estados Gerais (conselho que reunia os três segmentos da sociedade francesa).
    Na França, a sociedade era dividida segundo os antigos valores feudais. Como já foi dito, o clero e a nobreza eram as classes privilegiadas, formando o primeiro e o segundo Estado, enquanto que a plebe (cerca de 96% da população) formavam o Terceiro Estado. Além de pegarem no batente pesado e de pagar impostos, pagavam o dízimo à Igreja. É mole? Cada uma dessas ordens possuía condições e estatutos específicos.
    A reunião dos Estados Gerais sempre satisfazia os interesses das classes privilegiadas, mas nessa seria diferente, pois o Terceiro Estado estava muito bem representado por uma burguesia politizada que inflamava os camponeses, que além de famintos estavam sedentos por participação e voz política.
    O sistema eleitoral funcionava da seguinte maneira: Um voto por ordem. Favorecendo assim, clero e nobreza que sempre venciam por dois votos contra um. Esse sistema foi questionado e o Terceiro Estado propôs que cada deputado fosse computado como um voto, o que lhes daria condições de vitória, já que o seu número de representantes era dobrado. Obviamente a proposta não foi aceita.
    Mediante a negação da sua proposta o Terceiro Estado não se curvou. Em vez disso, formaram a Assembléia Nacional Constituinte, fazendo com que a supremacia passasse das mãos de Luís XVI para as mãos da maioria da nação. Eis o início da Revolução, que ocorrera aos olhos de um rei e de uma aristocracia que subestimaram o poder do povo. É meu amigo, quando falta pão, a chapa esquenta.



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