segunda-feira, novembro 08, 2010

Palavra Subversiva

No período em que vivíamos uma ditadura militar, havia uma palavra muito presente nos veículos de massa controlados pela censura: Subversão. Esse termo era empregado a todos que criticavam o regime: estudantes, jornalistas, cineastas, padres, professores e etc. Numa definição rasa, subversão significa a insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis e os princípios estabelecidos. Meditando no relato bíblico sobre a prisão, julgamento e morte de Jesus Cristo, essa palavra povoou a minha mente e eu pensei comigo mesmo: “Nossa! Jesus foi subversivo!

      Indo mais adiante, no livro de Atos, pude observar mais dois exemplos de subversão. Pedro e João são convocados pelo Sinédrio, que explicitamente ordena que os ensinos de Jesus não sejam proclamados. Diante de tal exigência, os discípulos de Cristo se negam a cumpri-la, e respondem: “não podemos deixar de transmitir aquilo que vimos e ouvimos” (Atos 4:18-20). Outra demonstração está presente no mesmo livro, só que no capítulo 17. Ali fala da chegada de Paulo e Silas em Tessalônica, após proclamarem o Evangelho foram presos por alguns judeus que os levaram até os governantes exclamando: “Estes que têm causado alvoroço em todo o mundo, agora chegaram também aqui.” (Atos 17:6) E os exemplos aumentam quando o Cristianismo chega a Roma e a perseguição aos cristãos é estabelecida, por estes não reconhecerem o senhorio e nem a divindade de Cézar. Para eles, há um só Deus e um só Senhor: Jesus Cristo, o Nazareno.

      Jesus e seus seguidores foram subversivos por não se adequarem a uma sociedade que apesar de ser religiosa, era imoral, corrupta e injusta. Cristo em todo seu ministério andou com os marginalizados e restaurou a dignidade de cegos, surdos, coxos, leprosos e pobres em geral. Foi chamado de beberrão e de glutão pelos religiosos de seu tempo. Acusado falsamente, tramaram a sua morte, e acreditaram que assim os seus ensinamentos estariam também sepultados. Puro engano. Ele venceu a morte. E sua palavra ainda causa impacto. Transforma, edifica e restaura todo aquele que a recebe em seu coração. Trazendo paz para uma alma cansada e aflita, o Evangelho é combustível para uma jornada dura que temos que trilhar diariamente, enquanto estamos ainda vivos.

      Para muitas pessoas, a Igreja é um local de pessoas conservadoras. Os verdadeiros revolucionários são Karl Marx, Che Guevara, entre outros, afirmam elas. Esses homens, que hoje são os ícones daqueles que se dizem comunistas, não estavam distantes dos ensinamentos de Jesus. Assim como eles, Cristo defendeu uma sociedade igualitária. “Guevara quando diz: “Se você é capaz de tremer de indignação a cada injustiça cometida no mundo, então somos companheiros” e Marx ao afirmar que “a religião é o ópio do povo” apenas ratificaram o posicionamento de Cristo, que condenou a hipocrisia dos fariseus e saduceus, que eram sim alienadores e opressores. O Cristianismo não é conservador e reacionário, como pensam alguns e querem fazer outros. O Evangelho é genuinamente revolucionário, e por que não dizer subversivo? Como disse o apóstolo Paulo: “Transformai o mundo pela renovação das vossas mentes” (Romanos 12:2). E mentes renovadas jamais serão manobradas!

2 comentários:

  1. Ótima análise,Thiago. Tamos juntos como cristãos realmente subversivos à sociedade atual e seus princípios distorcidos! :D Paz!

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