domingo, setembro 18, 2011

Cuba Libre: Há que amolecer-se?



Existe uma atmosfera nova na ilha. Será? Bem, Cuba não é mais comandada por Fidel, que largou o poder a contragosto por motivos de saúde. Já se passaram três anos desde a sua saída. Curtindo a aposentadoria, Fidel vê o seu irmão caçula no poder, enquanto o país passa por um processo de ebulição política e econômica. Fala-se em renovação. Será possível reformular o bom e velho regime socialista?

Fato é que Raúl Castro tem surpreendido, pelo menos em seu discurso. Ele causou impacto e aqueceu o debate político com suas declarações proferidas no VI Congresso do Partido Comunista realizado no mês de Abril. Em sua fala declarou que o socialismo “significa igualdade de direitos e oportunidades para todos os cidadãos, não igualitarismo”. Ainda foi mais além e defendeu a descentralização estatal e alertou para as tendências de mercado.

Durante o Congresso, foi aprovado um conjunto de orientações (313 tópicos) que redefinem a atuação do governo. Em alguns pontos, certos clichês do Socialismo são reafirmados, mas em  outros, dão margem para que mudanças ocorram. Como já vem ocorrendo. A imagem de Cuba sendo um lugar estático, que parou no tempo é um equívoco. Hoje, podemos ver circular pelas ruas de Havana, carros novos de montadoras européias e asiáticas ao lado dos automóveis da década de 1950.


Os irmãos Castro: Raúl e Fidel

No início desse ano, o governo cubano anunciou que os blogs de oposição não serão mais bloqueados. É um indício de que nem tudo é repressão pela ilha. Mas obviamente, isso não faz de Cuba um lugar democrático, onde a liberdade de expressão exala pelos quatro cantos. Há deficiências a serem superadas. Por exemplo: consultar a povo. Previsto na Constituição de 1976, os referendos não acontecem. Com a exceção de um realizado em 2002 para decidir se o Socialismo é intocável.

Intocável não sabemos, mas retocável, isso ele é. E os retoques vêm acontecendo desde os anos de 1990 quando a União Soviética, que era a grande parceira de Fidel, ruiu. De lá pra cá, um novo cenário vai se desenhando. E a iniciativa privada timidamente vai ocupando seu lugar, principalmente na área do turismo. O povo cubano tem educação, saúde, segurança e comida (racionada mas têm). Agora só falta ter liberdade, e esta pode estar mais acessível. Só nos resta esperar, e sem perder a paciência jamais.

Um comentário: