Existe uma atmosfera nova na
ilha. Será? Bem, Cuba não é mais comandada por Fidel, que largou o poder a
contragosto por motivos de saúde. Já se passaram três anos desde a sua saída. Curtindo
a aposentadoria, Fidel vê o seu irmão caçula no poder, enquanto o país passa
por um processo de ebulição política e econômica. Fala-se em renovação. Será
possível reformular o bom e velho regime socialista?
Fato é que Raúl Castro tem
surpreendido, pelo menos em seu discurso. Ele causou impacto e aqueceu o debate
político com suas declarações proferidas no VI Congresso do Partido Comunista
realizado no mês de Abril. Em sua fala declarou que o socialismo “significa
igualdade de direitos e oportunidades para todos os cidadãos, não igualitarismo”.
Ainda foi mais além e defendeu a descentralização estatal e alertou para as
tendências de mercado.
Durante o Congresso, foi aprovado
um conjunto de orientações (313 tópicos) que redefinem a atuação do governo. Em
alguns pontos, certos clichês do Socialismo são reafirmados, mas em outros, dão margem para que mudanças ocorram.
Como já vem ocorrendo. A imagem de Cuba sendo um lugar estático, que parou no
tempo é um equívoco. Hoje, podemos ver circular pelas ruas de Havana, carros novos
de montadoras européias e asiáticas ao lado dos automóveis da década de 1950.
Os irmãos Castro: Raúl e Fidel
No início desse ano, o governo
cubano anunciou que os blogs de oposição não serão mais bloqueados. É um
indício de que nem tudo é repressão pela ilha. Mas obviamente, isso não faz de
Cuba um lugar democrático, onde a liberdade de expressão exala pelos quatro
cantos. Há deficiências a serem superadas. Por exemplo: consultar a povo.
Previsto na Constituição de 1976, os referendos não acontecem. Com a exceção de
um realizado em 2002 para decidir se o Socialismo é intocável.
Intocável não sabemos, mas retocável,
isso ele é. E os retoques vêm acontecendo desde os anos de 1990 quando a União
Soviética, que era a grande parceira de Fidel, ruiu. De lá pra cá, um novo
cenário vai se desenhando. E a iniciativa privada timidamente vai ocupando seu
lugar, principalmente na área do turismo. O povo cubano tem educação, saúde,
segurança e comida (racionada mas têm). Agora só falta ter liberdade, e esta
pode estar mais acessível. Só nos resta esperar, e sem perder a paciência
jamais.
E onde estão os românticos de Cuba Libre? rsrsrs...
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