segunda-feira, abril 02, 2012

Brasil: O Purgatório é Aqui!



A partir de hoje, o governo brasileiro vai exigir que os espanhóis que queiram visitar o país apresentem um comprovante de que fez reserva em hotel e passagens de ida e volta com data marcada. Além disso, precisará provar que tem recursos suficientes para se manter no Brasil (R$ 170,00 por dia). Essa será a política da reciprocidade, já que desde 2007, os brasileiros são os principais barrados de entrar na Espanha. Mais de dez mil ficaram nos aeroportos, em situações humilhantes, por não atenderem os requisitos parecidos com os que o Ministério das Relações Exteriores cá estabeleceu.

Com a forte crise financeira européia, o índice de desemprego está alto. Cerca de 20% da população espanhola está sem trabalho e alguns deles tentam a sorte nos países em ascensão econômica, nosso caso. Não seria bom receber essa mão-de-obra qualificada? Afinal, o que custa abrigarmos esses “pobres coitados”? Por ventura não é histórica a nossa receptividade a "escória" da Europa?

Verdade, o Brasil Colonial recebeu vários degredados. Para muitos, o motivo do nosso atraso econômico e social. Para cá vieram ladrões, assassinos, tarados, putas, loucos varridos e mais uma porção de lixo humano, dizem. Aí está à causa do nosso “jeitinho brasileiro”, da nossa malandragem tão apontada e censurada mundo afora. Será mesmo? Afinal, degredado é um termo muito amplo. Quais seriam os crimes passíveis de serem punidos com essa pena? Vamos às respostas.


O PURGATÓRIO
 A sociedade portuguesa no século XVI era muito católica e mística. Portugal havia desde o começo deste século instalado o Tribunal do Santo Ofício, a conhecida Inquisição, para firmar as penas do degredo. Com isso, os “criminosos” não eram necessariamente pessoas de má índole ou pessoas que haviam cometidos crimes hediondos. Prova disso é o caso do jovem aspirante ao clero, que em 1632 foi preso e sentenciado a passar três anos na terra Brasilis por ter assoado o nariz com os panos do altar. Nota-se que a inflexibilidade da Igreja era responsável pelo rigor da punição e não propriamente o nível do delito.

No Brasil chegavam os condenados por benzeduras, feitiçarias, adultérios, pequenos furtos, sedução, bigamia e promessas de casamento não cumpridas. Corriqueiro para nós, porém nefandos para eles, naquela época. O degredo (descer um degrau) era uma punição humilhante, uma vez que a pessoa era forçada a abandonar parentes e amigos para viver numa terra estranha. Daí, a imagem do Brasil paradisíaco mudou de vez: Aqui acabou se tornando o purgatório lusitano. E por falar em purgar, os turistas espanhóis vão sofrer nos nossos aeroportos pelos abusos cometidos contra os brasileiros lá. Pelo visto, não há remissão de pecados do lado de baixo do Equador.


8 comentários:

  1. Demorou muito pra o Governo tomar essa decisão...mas enfim tomou...

    Seu texto é excelente, principalmente por mostrar um erro tão comum ao dizer que os maiores criminosos e canalhas formaram nossa sociedade...Tive professores de História que falavam isso...Parabéns e sucesso!!!

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  2. Prezado Thiago se não houver o "jeitinho brasileiro" "copiado deles", nos portos, aeroportos e estradas, talvez as imposições possam funcionar. Difícil é acreditar!
    Torço para que funcione, afinal, basta de sermos "bonzinhos". Parabéns!

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  3. Isso aqui ô ô
    É um pouquinho de Brasil iá iá...
    Parabéns Thiago por mais essa contribuição. Chega de tanta receptivivdade, chega de tanta hospitalidade, confundimos por muito tempo e intencionalmente estas formas de tratamento (diga-se de passagem não estaríamos errados em sermos receptivos e hospitaleiros), se nossa intenção claro não fosse em tirar vantagens com transações comerciais exteriores e não só com a Espanha e países da europa, mas também com os americanos e tantos outros estrangeiros. Por isso o jeitinho brasileiro para muitos, ou seja vale a pena nossos compatriotas serem humilhados, desmoralizados, para que possamos ter abertura em negociações futuras com esses países. Um pensamento pequeno para um país tão grande como o nosso, infelizmente isso vem desde do período do descobrimento, pois um monte de bárbaros, bêbados e ladrões, vieram aqui mataram nossos índios, roubaram nosso ouro, nossa língua e por muito tempo rou baram nosso poder. Não sei se de fato isso vai emplacar e se emplacar quanto tempo vai durar, ou se mais na frente vamos vir mais uma vez com um jeitinho brasileiro, permitindo o livre trânsito, dos ladrões, bêbados, putas, traficantes e outros ilustres estrangeiros, para fazerem o que certa vez cantou CAZUZA: TRANSFORMAREM ESSE PAÍS INTEIRO EM UM PUTEIRO POIS ASSIM SE GANHA MAIS DINHEIRO!!!

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  4. Parabéns pelo texto! Está bem escrito, no entanto não gosto do pensamento nacionalista, pois isso se manifesta de alguma forma, violento. O seu texto é interessante, principalmente pelo conteúdo que versa sobre a nossa formação. Em relação ao caso entre Brasil e Espanha é ridícula a forma como se tratam. A Espanha observa que exportamos bastantes prostitutos(as), logo qualquer jovem com menos de 30 anos é um prostituto em potencial sendo destratado. Há casos de jovens estudantes que são barrados nos aeroportos quando estavam indo apenas apresentar seus trabalhos em congressos. Isso é um absurdo, rotulam as pessoas indiscriminadamente quando nem deveriam rotular ninguém. O Brasil vai devolver o tratamento, embora não acredite que isso irá mudar algo. Só com a questão cambial os espanhóis já se livram de muitos impedimentos exigidos, principalmente os entraves financeiros. R$ 170,00 equivale a aproximadamente € 70,00, parece-me pouco para um espanhol. O que desejo plenamente é que atinjamos o pensamento que o “MUNDO É A NOSSA PÁTRIA”, desejo o livre trânsito de pessoas, bem como suas manifestações artístico-cultural. Sei que este pensamento é utópico, mas mesmo assim eu o defenderei.
    Thiago, a necessidade de sermos nacionalista não é nossa isso é uma invenção do Estado que se traduz em todos os períodos ao longo do tempo de forma bastante violenta. Sei que vc sabe disso, mas é bom sempre deixarmos uma provocação!!!
    Saudações!!

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  5. Muito bom Thi! Gostei mto do seu ponto de vista, isso é a verdadeira “política de reciprocidade”, e finalmente uma atitude sensata do Governo neh! Chega de sermos os bonzinhos do mundo, o inocente povo hospitaleiro também tem seu orgulho! Acho q há uma grande diferença entre sermos receptivos e sermos idiotas, embora essa atitude seja um verdadeiro “toma lá da cá”, a medida se fez necessária e aos poucos o Brasil aprende a ser um pouco "soberano" diante ao mundo! =)

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  6. Caro Guego, a provocação é válida sim...pois me dá a oportunidade de dizer que não sou nacionalista. Gosto de ser Brasileiro, Pernambucano e sou feliz por pertencer a esse lugar tão rico de cultura, mas o tal do patriotismo, do jeito que é "vendido" e concebido realmente é algo violento, exclusivista e anti-cristão. Por isso mesmo, em nenhum momento fui nacionalista nesse escrito, apenas relatei um fato que foi noticiado pela mídia e trassei um paralelo com a História do degredo. Pois muitos afirmam que fomos colonizados por criminosos hediondos, inferiorizando a nossa sociedade, quis apenas mostrar que as coisas não são bem assim como dizem....
    E pra te provocar, gostaria que você transcrevesse a parte que lhe pareceu exaltando o Estado brasileiro...

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  7. legitimar a reciprocidade já revela seu nacionalismo. apesar de vc ter apenas noticiado, não observei sua reprovação por essa medida, logo há uma tipo de nacionalismo implícito. to certo ou errado????

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    1. Errado não, erradíssimo!!!
      Não foi um texto opinativo, foi apenas um relato co-relacionando fatos...essa sua regra de que implicitar acaba explicitando está equivocada. Se você colocar numa rede social o seguinte exemplo: "Acabei de presenciar um homem batendo na esposa." Vai dizer que você é a favor da agressão?

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