domingo, setembro 09, 2012

Meu Novo Apartamento

Infelizmente, ainda na Planta, já se vão dez longos dias da assinatura da compra, só falta aguardar os mais de mil para se concretizar a posse definitiva. Estou deixando o Arruda, bairro agradável, tranquilo, residencial, barulho só com gols do Santa Cruz, cada dia mais raros. As dificuldades de convivência cooperativa financeira para manter o mínimo de dignidade de uma pintura, por exemplo, leva-nos a um descalabro valorativo que deteriora assustadora e gradativamente um prédio de quase trinta anos. Além desse problema, o terceiro andar sem elevador, martiriza minhas coronárias nos seus 63 anos. Essa outrora Classe Média, no seu espírito consumista, individualista, pequeno burguês, perdeu mais do que nunca o seu espírito de vida em comum.
Estou deixando uma metragem um pouquinho maior, pagando a preço de hoje, duas vezes e meia a mais, trocando o Arruda pela Encruzilhada, daqui a três anos, mas num prédio novo. Espero que numa Administração de condomínio normal, não tão provinciana, essa nova Classe Média da Nova Morada, seja obrigada a cumprir suas obrigações e a gente possa conviver sem ter que desativar o Elevador.
Desabafos à parte, uma nova convivência de encruzilhadas me aguarda, um Mundo entrecruzado, onde se interage com Meninos de Rua, Feirantes, Evangélicos, Mercado Público, Comércio suburbano e Agências Bancárias. Os Bares do entorno e do Mercado dão o tom poético e boêmio do Bairro, a Vida ri, mas também chora abrigando os contrastes.
Neste Grande Encontro da área Norte do Recife, avenidas e ruas se cumprimentam ou passam ao lado da Praça. A rua Dr. José Maria, vindo da Jaqueira, beija os Aflitos, convive com o Rosarinho, atravessa a Norte e abraça a Encruzilhada. A Avenida Beberibe, deixando a Praça da Convenção, andando de costas, cumprimenta vários Bairros e desemboca no Largo. A Estrada de Belém, também se inicia na Encruzilhada, indo aos arredores de Olinda. A Avenida Norte, mais orgulhosa, talvez pela sua grandeza, mais independente, intrépida, olha para o Mar, desdenha do Istmo de Olinda, trisca no Cemitério dos Ingleses, cruza a Cruz Cabugá, obriga a Agamenon a passar por cima, faz cócegas em dois lados da João de Barros e passa brincando e sorrateira ao largo do Largo da Encruzilhada. Mais à frente, empurra a quarenta e oito, deixa passar a Santos Dumont, beija a Harmonia, briga com a Padre lemos e abraça a Br. Finalmente, para completar esse ciclo de aconchegos, outras duas ruas, sem tanta importância e tradição também se locupletam da Celebração desse Encontro, a viela Artur de Azevedo, impedida de prosseguir pela Praça e a rua Castro Alves que se imbrica com a Beberibe no seu nascedouro, olha de lado para a Maternidade e toma um Porre Poético na Praça da Cerveja.
 E eis-me na Rua Amaro Coutinho, na Praça do Caminhoneiro, vizinha do Mercado Público, onde hoje há um alto índice de Assaltos, mas que provavelmente vão ter que se retirar para dá espaço ao movimento do prédio de 22 andares, e aí o Sistema vai ter que se virar para acomodar os filhos Bastardos de suas mazelas.
Prof. Afonso Ivo de Lira

Um comentário:

  1. Legal!!! Me deu uma nostalgia, pois sou do lado Norte do Recife e conheço bem todo esse roteiro aí.

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