terça-feira, setembro 11, 2012

Todos Miseráveis


Marcelo costumava ficar naquela porta lateral...

Hoje, dia 11 de Setembro de 2012, falasse muito sobre as mortes ocasionadas pelo atentado as Torres Gêmeas em Nova York. Todavia, eu estou a pensar em outra morte, a morte de um único indivíduo. Não era meu parente, nem amigo ou coisa parecida. Nunca falei com esse homem que veio a óbito na última sexta-feira. Soube ontem a respeito do seu falecimento. Chamava-se Marcelo. Essa é a única informação que eu tenho.

Durante a semana de trabalho, meu caminho se cruzava com o dele. Sempre, passando um pouco das 8h, eu tinha que me desviar do Marcelo, que ocupava a calçada da Igreja do Santíssimo Sacramento, no encontro da Rua Imperatriz com a Rua da Matriz. Lá estava ele sentado, com suas pernas inchadas e necrosadas, vez ou outra com um prato de comida na mão, ou dado pelos comerciantes da área ou pelos grupos religiosos filantrópicos.

Era um simples morador de rua, alcoólatra e pelo que parece, já não tinha mais os laços parentais. Por falar em não ter, seria mais simples relatar o que tinha: Nada além de sua carcaça tomada por várias doenças. Não sei sua idade, porém suponho que não passasse de meio século de vida. Palavra essa – Vida – que no caso do Marcelo parece não fazer sentido. Afinal, qual o conceito de vida? Basta abrir os olhos e respirar dia após dia, mesmo que seja pra sofrer todo tipo de violação de direitos?

Há dois dias passo pelo mesmo lugar e já não esta mais ali o Marcelo, tão comum a minha rotina visual. Morto e enterrado como indigente. Não havia ninguém pra reclamar seu corpo. Ninguém que tenha chorado a sua partida. Se foi dessa para melhor não há como saber, mas me arrisco em dizer que pior do que estava não sei se poderia ficar. Pois bem...é isso: Uma sociedade na qual pessoas não são tratadas como pessoas, e parecem inexistentes ainda tem muito que evoluir.No fim das contas, os miseráveis são todos nós.

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