sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Reflexão Sobre Pastores Ricos



Uma pergunta constantemente feita entre os fiéis é a seguinte: Pastor pode ser rico? O que antigamente era quase inexistente, nos dias de hoje está cada vez mais comum. Existem muitos líderes eclesiásticos montados na grana, esbanjando um patrimônio milionário e até pregando que a riqueza é uma benção a ser alcançada por aqueles que têm fé em Deus e a Ele mantém fidelidade, sobretudo nos dízimos e ofertas.

Obviamente que muitos charlatões usurparam da inocente fé alheia para enriquecerem de maneira fraudulenta. Picaretas profissionais que travestidos de sacralidade e psicologia barata, chegam a confundir até mesmo os eleitos (Mt 24:24). Daí vem uma outra pergunta: Se for dinheiro ganho honestamente, o pastor pode ser rico?

De fato, é um questionamento pertinente, todavia, amparado nas Escrituras, não acredito que esse seja o perfil daquele que foi vocacionado para transmitir as Boas Novas. Ter muitos bens requer atenção redobrada. Seria incompatível administrar com esmero uma congregação e concomitantemente gerir uma grande empresa. De forma prática, difícil seria cuidar dos “negócios do alto” e dos “negócios terrenos”. Caberia a um Ministro do Evangelho, focar no Reino dos Céus.

Não digo com isso que os pastores devem viver à beira da miséria. Como diz o apóstolo Paulo, o trabalhador é digno de seu salário (1Tm 5:18). Se a congregação pode pagar o suficiente para que o mesmo viva dignamente com a sua família que pague. Porém, se este começar a acumular ao ponto de sua renda for muito aquém da realidade social dos congregados, teremos aí um problema de identificação. Olhando a vida de Jesus, que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8:20) e dos apóstolos que abandonaram tudo (Lc 18:28), não entendo o porque desse anseio por riqueza de um homem ou mulher que desejam ser anunciantes da mensagem da cruz.

Se o próprio Cristo falou que é muito difícil o Rico entrar no Reino dos Céus (Lc 18:24) que dirá pois de alguém que deseja promover tal Reino? Seria fácil administrar riquezas e se esmerar na pregação e no discipulado? Bem, os adeptos da “Teologia da Prosperidade” adoram citar Abraão, Davi, Jó entre outros personagens veterotestamentários para respaldar que a riqueza é uma dádiva para os santos. Mas e os levitas, porque não citá-los?

A linhagem de Levi, filho de Lia e Jacó, formando a Tribo dos Levitas, foram separados para o ministério religioso, primeiramente as suas atividades eram exercidas no Tabernáculo, depois se transferiram ao Templo que ficava no coração de Jerusalém. Quando os israelitas entraram em Canaã, sob a liderança de Josué, a partilha das terras conquistadas deixou os levitas de fora. O próprio Senhor seria a sua herança (Dt 10:9). O sustento deles vinha do dízimo pago pelas demais Tribos (Ne 10:37), e comiam o dízimo. Digo comiam, porque no contexto da Antiga Aliança o dízimo nunca foi dinheiro, e sim gêneros alimentícios tais como grãos, animais e azeite (Lv 27:32 e Ne 13:12).

Quando Jesus se depara com o moço rico (Lc 18) e com Zaqueu (Lc 19), há uma mensagem de partilha de bens, mesmo sendo situações antagônicas. Em Atos 4: 32-35, vemos que o repartir era uma prática decorrente da igreja primitiva, sendo que o sentimento de posse era inexistente. Querendo ser rico, seja, mas então não almeje o pastoreio. Ananias não tinha obrigação de vender seu terreno (At 5:4), mas vendeu e mentiu. Muitos eclesiásticos mentem para si querendo conciliar fortuna com a Obra do Senhor. A riqueza pode ser lícita, mas será que convém aos Pastores (1Co 10:23)? Creio piamente que não.

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