Uma
pergunta constantemente feita entre os fiéis é a seguinte: Pastor pode ser
rico? O que antigamente era quase inexistente, nos dias de hoje está cada vez
mais comum. Existem muitos líderes eclesiásticos montados na grana, esbanjando
um patrimônio milionário e até pregando que a riqueza é uma benção a ser
alcançada por aqueles que têm fé em Deus e a Ele mantém fidelidade, sobretudo
nos dízimos e ofertas.
Obviamente
que muitos charlatões usurparam da inocente fé alheia para enriquecerem de
maneira fraudulenta. Picaretas profissionais que travestidos de sacralidade e
psicologia barata, chegam a confundir até mesmo os eleitos (Mt 24:24). Daí vem
uma outra pergunta: Se for dinheiro ganho honestamente, o pastor pode ser rico?
De
fato, é um questionamento pertinente, todavia, amparado nas Escrituras, não
acredito que esse seja o perfil daquele que foi vocacionado para transmitir as
Boas Novas. Ter muitos bens requer atenção redobrada. Seria incompatível
administrar com esmero uma congregação e concomitantemente gerir uma grande
empresa. De forma prática, difícil seria cuidar dos “negócios do alto” e dos “negócios
terrenos”. Caberia a um Ministro do Evangelho, focar no Reino dos Céus.
Não
digo com isso que os pastores devem viver à beira da miséria. Como diz o
apóstolo Paulo, o trabalhador é digno de seu salário (1Tm 5:18). Se a
congregação pode pagar o suficiente para que o mesmo viva dignamente com a sua
família que pague. Porém, se este começar a acumular ao ponto de sua renda for muito
aquém da realidade social dos congregados, teremos aí um problema de identificação.
Olhando a vida de Jesus, que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8:20) e dos
apóstolos que abandonaram tudo (Lc 18:28), não entendo o porque desse anseio por
riqueza de um homem ou mulher que desejam ser anunciantes da mensagem da cruz.
Se
o próprio Cristo falou que é muito difícil o Rico entrar no Reino dos Céus (Lc
18:24) que dirá pois de alguém que deseja promover tal Reino? Seria fácil
administrar riquezas e se esmerar na pregação e no discipulado? Bem, os adeptos
da “Teologia da Prosperidade” adoram citar Abraão, Davi, Jó entre outros
personagens veterotestamentários para respaldar que a riqueza é uma dádiva para
os santos. Mas e os levitas, porque não citá-los?
A
linhagem de Levi, filho de Lia e Jacó, formando a Tribo dos Levitas, foram
separados para o ministério religioso, primeiramente as suas atividades eram
exercidas no Tabernáculo, depois se transferiram ao Templo que ficava no
coração de Jerusalém. Quando os israelitas entraram em Canaã, sob a liderança
de Josué, a partilha das terras conquistadas deixou os levitas de fora. O
próprio Senhor seria a sua herança (Dt 10:9). O sustento deles vinha do dízimo
pago pelas demais Tribos (Ne 10:37), e comiam o dízimo. Digo comiam, porque no
contexto da Antiga Aliança o dízimo nunca foi dinheiro, e sim gêneros alimentícios
tais como grãos, animais e azeite (Lv 27:32 e Ne 13:12).
Quando
Jesus se depara com o moço rico (Lc 18) e com Zaqueu (Lc 19), há uma mensagem
de partilha de bens, mesmo sendo situações antagônicas. Em Atos 4: 32-35, vemos
que o repartir era uma prática decorrente da igreja primitiva, sendo que o
sentimento de posse era inexistente. Querendo ser rico, seja, mas então não
almeje o pastoreio. Ananias não tinha obrigação de vender seu terreno (At 5:4),
mas vendeu e mentiu. Muitos eclesiásticos mentem para si querendo conciliar
fortuna com a Obra do Senhor. A riqueza pode ser lícita, mas será que convém
aos Pastores (1Co 10:23)? Creio piamente que não.
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