quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Renúncia


Feriadão de Carnaval se foi, e aos poucos a vida vai voltando a sua rotina. Passei os 4 dias trabalhando... mas não estamos aqui pra falar sobre isso. Na verdade, vamos falar de um sujeito que se sentiu cansado e não se acha mais apto ao trabalho. O mundo foi pego de surpresa com a renúncia do Papa Bento XVI, que alegando o "peso da idade" decidiu não continuar a exercer seu ministério como chefe supremo da Igreja Católica Romana. Tirando o Brasil, que só fala em escola de samba, vários países repercutem o fato histórico com certo entusiasmo, torcendo para que o novo Papa seja mais jovem e mais maleável. Será?

Como sou formado em História, me sinto privilégiado por presenciar algo que não acontecia desde o Medieval. Ser testemunha de um fato com tamanha relevância na historiografia ocidental me empolga. Todavia é uma empolgação restrita a minha formação acadêmica. Como cristão, não vejo nenhuma relevância nisso tudo. Pouco importa se Bento XVI sai ou continua. Tanto faz quem irá assumir o papado em seu lugar. Para o Evangelho, ou melhor, para o Reino de Cristo, a renúncia é totalmente irrelevante. 

Seria de fato relevante se Ratzinger abdicasse da pompa tão peculiar do Vaticano. E mais interessante seria, que toda aquela estrutura hierarquizada e corrompida do clero não fosse almejada por nenhum sacerdote. Utopia? Talvez, mas precisamos manter vivo o idealismo, senão a vida se torna extremamente insípida e a existência torna-se assustadora ao ponto de perdermos o controle de nossas faculdades mentais. É por isso que ainda continuo focando a igreja (corpo) e não a Igreja (instituição).

Os que fazem a diferença no Reino são, em sua maioria, pessoas anônimas. Andarilhos que ofertam tempo ou dinheiro, às vezes os dois, numa missão holística, na qual os homens são vistos em sua totalidade (corpo + alma). Pessoas que de fato renunciaram o que deveriam renunciar, que carregam a cruz, que esvaziaram o ego. Seguem o exemplo do próprio Jesus, que abriu mão de sua glória tornando-se um mero mortal, pobre, marginalizado e crucificado. Essa é a grande diferença: Enquanto o Senhor não tinha onde reclinar a cabeça, Bento XVI, passará o restante de seus dias numa luxuosa casa, cercado de ouro por todos os lados...Bela renúncia essa...

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