Como sou formado em História, me sinto privilégiado por presenciar algo que não acontecia desde o Medieval. Ser testemunha de um fato com tamanha relevância na historiografia ocidental me empolga. Todavia é uma empolgação restrita a minha formação acadêmica. Como cristão, não vejo nenhuma relevância nisso tudo. Pouco importa se Bento XVI sai ou continua. Tanto faz quem irá assumir o papado em seu lugar. Para o Evangelho, ou melhor, para o Reino de Cristo, a renúncia é totalmente irrelevante.
Seria de fato relevante se Ratzinger abdicasse da pompa tão peculiar do Vaticano. E mais interessante seria, que toda aquela estrutura hierarquizada e corrompida do clero não fosse almejada por nenhum sacerdote. Utopia? Talvez, mas precisamos manter vivo o idealismo, senão a vida se torna extremamente insípida e a existência torna-se assustadora ao ponto de perdermos o controle de nossas faculdades mentais. É por isso que ainda continuo focando a igreja (corpo) e não a Igreja (instituição).
Os que fazem a diferença no Reino são, em sua maioria, pessoas anônimas. Andarilhos que ofertam tempo ou dinheiro, às vezes os dois, numa missão holística, na qual os homens são vistos em sua totalidade (corpo + alma). Pessoas que de fato renunciaram o que deveriam renunciar, que carregam a cruz, que esvaziaram o ego. Seguem o exemplo do próprio Jesus, que abriu mão de sua glória tornando-se um mero mortal, pobre, marginalizado e crucificado. Essa é a grande diferença: Enquanto o Senhor não tinha onde reclinar a cabeça, Bento XVI, passará o restante de seus dias numa luxuosa casa, cercado de ouro por todos os lados...Bela renúncia essa...
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