Um Relato da Segunda-Feira

Segunda-Feira é um dia que ninguém gosta. É o anúncio de mais uma semana de labuta. É uma interrupção ao descanso que o nosso corpo e a nossa mente tanto necessita. Vemos as caras amarradas do povo, ouvimos uns e outros resmungando e por fim: estamos no mesmo “clima de velório” e ficamos contando as horas pra que esse terrível dia acabe, levando com ele todos os dias úteis que se seguem. A Sexta-Feira é o único dia que recebe indulgência por ser oficialmente o começo do Fim de Semana.

Eu, como os demais. Também não sou um fã incondicional da Segunda, pelo menos não era. Hoje vi que ela não é vilã, nós é que a tornamos tal coisa. Minha perspectiva mudou logo cedo, quando vi o Meu Amor chegando até a mim. Marcamos de nos encontrar no Terminal de Passageiros e ali, à espera do ônibus, já pude perceber que teria um dia especial pela frente. Tudo parecia cooperar com a nossa felicidade. Sentamos no lado do sol, mas este estava ameno, gostoso de sentir. Durante todo trajeto eu contemplei a minha amada iluminada pelo Astro Rei e me senti como Páris diante da Rainha Helena.

Chegando ao nosso destino, cada um foi cuidar dos seus afazeres. Afinal, Segunda-Feira é dia de trabalho, e lá fui eu. Escalado para realizar atividades externas, vi a manhã passar voando e logo juntei a fome com a saudade prematura. Liguei convidando a Minha Linda para almoçarmos juntos e passar o tempinho de descanso, que a Lei me garante, em seus braços. Ah! Que dia maravilhoso! É sério que eu teria de voltar ao serviço? Sim. Seriíssimo! Tive que deixá-la mais uma vez.

Deu a hora de largar. Que beleza! Mais uma ligação e o combinado foi voltarmos juntinhos pra casa. Ônibus lotado, e eu ali com um sorriso de menino que ganha um doce. Chegamos, jantamos, namoramos e a despedida aconteceu uma hora antes da Segunda terminar. Foi um dia imensamente feliz, apesar de ter sido extremamente simples. Acho que esse é o ponto forte do amor: Fazer da simplicidade uma coisa de outro mundo. Quero isso pra mim. Quero essas Segundas; quero essa rotina; quero esse carinho. Talvez você me ache um bobo e eu te digo: Tens razão, porque eu sou.