terça-feira, agosto 20, 2013

Que Presente, Que Lição!

Ontem foi o aniversário de Cleide, irmã querida da comunidade cristã na qual eu participo há dez anos. Ela, junto com seu esposo, Fred, que é o novo pastor, está conosco faz apenas dois meses, todavia, já os amamos e os consideramos muito importantes para nós. Só que eles não são os personagens principais desse texto. Quero vos falar da atitude de uma senhora, e eu vergonhosamente me desculpo por não saber o seu nome. Minha postura lamentável ficará em segundo plano, diante da honradez com que essa mulher procedeu, me ensinando valores eternos apenas com um singelo gesto de sua parte.

Antes de qualquer coisa, gostaria de descrever como vive esta senhora: Bem... ela é avó de 35 crianças, 19 moram com ela, junto com alguns filhos. Sua renda fixa é de R$ 150,00 reais e um de seus netos possui uma síndrome que o deixa paralisado, precisando de cuidados especiais. Um quadro desolador. Alguns irmãos da igreja foram visitá-la e lhe conceder uma ajuda qualquer que fosse. Viram as condições miseráveis daquela família e a luta dessa filha de Deus que coloca roupas numa geladeira velha por não ter armário. Mesmo vivendo, ou melhor, sobrevivendo nestas circunstâncias, ela encara tudo com um sorriso em seu rosto cansado e sofrido.

Cleide, e nem ninguém, esperava que essa bendita batesse em sua porta para lhe dar um presente de aniversário. Não sabemos o que ela deixou de comprar, ou como arrumou tempo para se locomover até a residência pastoral e ofertar um perfume à aniversariante. Obviamente que não era a mais cara e a melhor fragrância. Era uma colônia de alfazema. Simplório demais, e paradoxalmente mui belo e valiosíssimo.

Como uma pessoa que tão pouco possui pode dar algo para alguém? Hoje está mais que provado que é nítido e intrínseco do Cristianismo a partilha. Fiquei profundamente tocado com a atitude dessa “Anônima do Reino”. Lembrei da Igreja Primitiva, que partilhava tudo o que tinha ao ponto de não haver necessitados no meio deles. Lembrei da viúva que ofertou sua única moeda no templo.  Também recordei Jesus, que multiplicou o pão, pediu pra Zaqueu repartir o que tinha e refez o mesmo pedido ao jovem rico. Lembrei-me, enfim, de muita gente que já se foi e trabalhou em favor dos pobres.

Num cenário tão exclusivista e materialista, esse tipo de ação precisa ser difundida. De todas as pregações e de tantos estudos que fiz esse ano, saber desse ato me empolga. Concomitantemente me arrasa, pois o que eu tenho dividido? No máximo, dou umas moedas que estão em meu bolso. E faço isso apenas pra me livrar delas, e não porque fui compelido a doar. Apelo para a Misericórdia de Deus, para que o "meu" venha depois do "nosso".Vamos viver isso? Será que a gente consegue?

Está escrito em Atos que dar é melhor que receber.  Pois é, o Evangelho precisa voltar as suas raízes. Um dos lemas da reforma foi: Igreja reformada, sempre reformando. Porque paramos então? Porque estamos acomodados com o materialismo que se mostra nos sermões dominicais, nas roupas usadas pelos fiéis e nos ornamentos dos templos? Obrigado pela lição minha irmã. Quero ser como tu és. Pois a senhora me mostrou que há remanescentes na Igreja que querem vivenciar o Evangelho puro e simples. Estou feliz por isso. Soli Deo Gloria.

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