Certa
vez publiquei um texto aqui no Batedeira afirmando que não era evangélico.
Falei isso não por ter vergonha do Evangelho. O que me envergonha, me revolta e
me entristece é a postura de algumas pessoas que não entenderam nada da
proposta do Reino de Deus, tanto o eterno quanto a sua manifestação terrena.
Explico no referido texto, o porquê de não querer ser chamado evangélico: A
hipocrisia legalista, a corrupção do “clero” formado por lobos em peles de
ovelha, a politicagem e coronelismo dentro das congregações e acima de tudo, as
heresias que só afloram nesse cenário caótico e multifacetado.
Todavia,
continuo a comungar na reunião dos santos e confesso minha fé no Deus Trino que
é o Cabeça e Senhor da Igreja. Apesar dos pesares, com sua natureza ambígua,
sendo instituição divina e humana ao mesmo tempo, a Igreja ainda é o melhor
instrumento para se promover o Caminho, a Verdade e a Vida, ou seja, Jesus
Cristo. Não desisto e nunca vou desistir de estar com os irmãos em congregação.
Como diz o escritor da Epístola aos hebreus:
"Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de
alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se
aproxima o Dia."
Hebreus 10:25
Existe
um movimento que está crescendo. Ele não é novo, apenas está em evidência
devido à projeção da mídia, sobretudo as mídias sociais, e pelas aberrações já
citadas no primeiro parágrafo. São os “sem-igreja” ou desigrejados. Suas críticas à instituição eclesiástica tem
muito fundamento. Concordo com boa parte delas, no entanto, abomino o
isolamento e o abandono das práticas comunitárias cristãs.
Não
devemos desistir da Igreja. Temos que
perseverar para manter a unidade, mesmo sabendo que existem inúmeros problemas.
Os desigrejados tem uma visão romântica dos irmãos do primeiro século. Lendo a
carta de Paulo aos Coríntios, vemos o quanto aquela igreja tinha gente doente.
Nem o apóstolo e nem Cristo desistiram daquela congregação. Divergências e
conflitos sempre estiveram presentes desde sua origem. O próprio Paulo se desentendeu com Barnabé (AT 15:39).
A diferença é que os problemas, ao que parecem, eram tratados da maneira
correta.
Hoje,
muitos que se machucaram com pessoas na igreja, não se dão conta de que também
são falhas e que também devem ter machucado alguém. A imperfeição é uma via de
mão dupla, por ser humana. Na perspectiva horizontal isso nunca deixará de
existir. O vínculo da perfeição está no amor divino (Cl 3:14). Deus é aquele
que não nos decepciona, por isso devemos focar n’Ele e não nas imperfeições
alheias. Eleve os olhos para o monte, isto é, para o alto, pois é de lá que vem
o teu socorro (SL 121).
Também vale ressaltar, que assim
como existem pessoas ruins, também existem pessoas boas na igreja. Conheço
cristãos autênticos que apesar dos vacilos aqui e ali, são irmãos que choram
com os que choram e se alegram com os que se alegram, levando os fardos pesados
uns dos outros (RM 12:15 e GL 6:2). É necessário equilibrar nosso ponto de
vista e não pender somente para as falhas. Existe um remanescente que faz
aquilo que o Senhor aprova. Embora não seja tão visível quanto aos escândalos,
ainda existem igrejas que vivem o Evangelho puro e simples, longe dos Mega
Templos e da roubalheira descabida.
Certa
vez li uma frase, não lembro onde, que dizia: “uma árvore que cai faz bem mais
barulho do que um bosque que cresce lentamente.” É bem por aí. O bosque cresce
e não percebemos, até que as árvores frondosas comecem a florescer na
primavera. O Senhor cuida dos Seus e as portas do inferno não prevalecerão (MT
16:18). Venham escândalos, heresias, perseguição. Venha o que vier. A Igreja
ficará de pé, para curvar-se em seguida perante o Rei da Glória que virá entre
as nuvens. Eis a razão pela qual eu não desisto da Igreja.
Boas Colocações...parabéns!!!
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