domingo, outubro 20, 2013

Eu Não Desisto Da Igreja

Certa vez publiquei um texto aqui no Batedeira afirmando que não era evangélico. Falei isso não por ter vergonha do Evangelho. O que me envergonha, me revolta e me entristece é a postura de algumas pessoas que não entenderam nada da proposta do Reino de Deus, tanto o eterno quanto a sua manifestação terrena. Explico no referido texto, o porquê de não querer ser chamado evangélico: A hipocrisia legalista, a corrupção do “clero” formado por lobos em peles de ovelha, a politicagem e coronelismo dentro das congregações e acima de tudo, as heresias que só afloram nesse cenário caótico e multifacetado.

Todavia, continuo a comungar na reunião dos santos e confesso minha fé no Deus Trino que é o Cabeça e Senhor da Igreja. Apesar dos pesares, com sua natureza ambígua, sendo instituição divina e humana ao mesmo tempo, a Igreja ainda é o melhor instrumento para se promover o Caminho, a Verdade e a Vida, ou seja, Jesus Cristo. Não desisto e nunca vou desistir de estar com os irmãos em congregação. Como diz o escritor da Epístola aos hebreus:

"Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia."
Hebreus 10:25

Existe um movimento que está crescendo. Ele não é novo, apenas está em evidência devido à projeção da mídia, sobretudo as mídias sociais, e pelas aberrações já citadas no primeiro parágrafo. São os “sem-igreja” ou desigrejados.  Suas críticas à instituição eclesiástica tem muito fundamento. Concordo com boa parte delas, no entanto, abomino o isolamento e o abandono das práticas comunitárias cristãs.

Não devemos desistir da Igreja. Temos que perseverar para manter a unidade, mesmo sabendo que existem inúmeros problemas. Os desigrejados tem uma visão romântica dos irmãos do primeiro século. Lendo a carta de Paulo aos Coríntios, vemos o quanto aquela igreja tinha gente doente. Nem o apóstolo e nem Cristo desistiram daquela congregação. Divergências e conflitos sempre estiveram presentes desde sua origem. O próprio Paulo se desentendeu com Barnabé (AT 15:39). A diferença é que os problemas, ao que parecem, eram tratados da maneira correta.

Hoje, muitos que se machucaram com pessoas na igreja, não se dão conta de que também são falhas e que também devem ter machucado alguém. A imperfeição é uma via de mão dupla, por ser humana. Na perspectiva horizontal isso nunca deixará de existir. O vínculo da perfeição está no amor divino (Cl 3:14). Deus é aquele que não nos decepciona, por isso devemos focar n’Ele e não nas imperfeições alheias. Eleve os olhos para o monte, isto é, para o alto, pois é de lá que vem o teu socorro (SL 121).
Também vale ressaltar, que assim como existem pessoas ruins, também existem pessoas boas na igreja. Conheço cristãos autênticos que apesar dos vacilos aqui e ali, são irmãos que choram com os que choram e se alegram com os que se alegram, levando os fardos pesados uns dos outros (RM 12:15 e GL 6:2). É necessário equilibrar nosso ponto de vista e não pender somente para as falhas. Existe um remanescente que faz aquilo que o Senhor aprova. Embora não seja tão visível quanto aos escândalos, ainda existem igrejas que vivem o Evangelho puro e simples, longe dos Mega Templos e da roubalheira descabida.
Certa vez li uma frase, não lembro onde, que dizia: “uma árvore que cai faz bem mais barulho do que um bosque que cresce lentamente.” É bem por aí. O bosque cresce e não percebemos, até que as árvores frondosas comecem a florescer na primavera. O Senhor cuida dos Seus e as portas do inferno não prevalecerão (MT 16:18). Venham escândalos, heresias, perseguição. Venha o que vier. A Igreja ficará de pé, para curvar-se em seguida perante o Rei da Glória que virá entre as nuvens. Eis a razão pela qual eu não desisto da Igreja.  

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