sexta-feira, dezembro 06, 2013

Mandela, Redenção e Imago Dei

Fim de ano, dezembro já colocou  sua cara à mostra e só agora venho postar no Batedeira. O primeiro texto para o último mês de 2013 trata da morte de um ícone. Nelson Mandela não se tornará um mito por ter morrido. Já era uma lenda viva, pois sua história se misturava a uma causa. Lutou contra o Apartheid e promoveu a igualdade de direito para os negros, donos da terra colonizada pelos brancos oriundos da “Terra da Rainha.” Mandela venceu. Custou-lhe muita coisa, mas venceu.

Foram 95 anos de vida. Destes, 27 passou encarcerado. Em um de seus julgamentos, onde tinha o sério risco de ser sentenciado a prisão perpétua, fez um célebre discurso e defendeu-se com a seguinte frase: “Eu lutei contra a dominação branca, e lutei contra a dominação negra. Eu cultivei o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. Este é um ideal pelo qual eu espero viver e alcançar. Mas se for necessário, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”.

Ganhador do Prêmio Nobel. Presidente do país que ajudou a reconstruir. Ícone. Olhar para a história de Mandela, para mim, é ver Cristo glorificado. Sua luta por igualdade começou inspirada no pacifismo de Gandhi. Este por sua vez foi influenciado pelos escritos de Tolstói, que bebeu da fonte certa: O Evangelho, mais precisamente, o Sermão da Montanha.

A trajetória do menino africano do clã Madiba, que aos doze anos se batiza na Igreja Metodista, serve como professor da Escola bíblica Dominical, vira um preso político para em seguida, se tornar um aclamado Chefe de Estado, é um caminho de redenção. E por falar em redenção, novamente, não há como mencionar o legado do Cristo encarnado que veio (justamente) redimir a humanidade caída.

O homem é Imago Dei. Sua essência é divina. E ainda que o pecado deturpe essa imagem, há lampejos de Deus em alguns atos humanos. Como disse certa vez Marina Silva: Mandela é um exemplo de que é possível fazer uma política universal com base em valores religiosos. E religião (religare) é o laço de comunicação entre Criador e Criatura.

Termino esse texto com uma profunda esperança de que a humanidade não está perdida. Embora os jornais estejam encharcados de sangue, posso contemplar a salvação mais adiante. Enxergo que o Reino é aqui e agora, sabendo que ele é também ali e mais tarde. Mandela descansará em paz num lugar que ele sempre sonhou estar. Isso é Redenção. Isso é voltar a ser o que se é: Imago Dei.

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