quarta-feira, março 17, 2010

Evitando a Fadiga

   
    Uma cena de truculência chamou a minha atenção quando estava vendo o noticiário hoje à tarde. Por ordem judicial, uma criança de 1 ano e 2 meses foi retirada de sua mãe, uma jovem cigana mineira. A forma como tiraram a menina de sua genitora foi desumana e absurda. Um verdadeiro ato de selvageria. Em meio a gritos e choro da mãe e da criança, um guarda municipal imobilizou a mulher, torcendo o seu braço, enquanto que outra guarda puxou a bebezinha da sua mãe e saiu com ela no carro da Guarda Municipal de Jundiaí. Detalhe: A criança foi no banco da frente, o que é uma infração grave.

    A mãe foi acusada de usar a criança e expô-la para pedir dinheiro nas ruas de Jundiaí. Ela nega as acusações, diz que apenas lia mãos e tirava a sorte das pessoas, prática comum entre os ciganos. Pelo fato da menina passar o dia na rua, a Justiça alegou que isso era muito prejudicial para a integridade da pequena, decidindo então tirar a guarda da sua mãe e enviá-la a um abrigo.

    A psicóloga do abrigo disse em entrevista ao Jornal Hoje da Rede Globo de Televisão, que a menina não para de chorar. A forma como a retiraram de sua mãe foi traumática. Será que para a Justiça, essa medida não será prejudicial para a menina de pouco mais de 1 ano?

     Segundo a opinião de pedagogos e psicólogos, haviam outras maneiras menos drásticas do que a medida que foi tomada. Por que retirar o vínculo materno? É o melhor a se fazer? A mãe é uma jovem, inexperiente, além de tudo é cigana, tem uma cultura secular de nomadismo. Por que não investir nessa mãe? Por que não orientar, informar, instruir e assistir? A resposta negativa se dá pelo motivo de ser mais dispendioso?

    Milhares e milhares de adolescentes estão grávidas, a maioria sem estudo e sem emprego. Tudo o que o poder público faz é propaganda marqueteira de preservativo. É muito ineficaz. Na hora do entorpecimento gerado pelos impulsos sexuais quase nunca essas adolescentes lembram-se de colocar camisinha.

    Precisamos de uma política assistencial de qualidade. Precisamos de EDUCAÇÃO. Essa mãe precisa ser assistida. Ela precisa de estudo acadêmico e/ou profissionalizante. Esses guardas precisam de capacitação para saber diferenciar cidadãos de bandidos, e não saírem distribuindo chaves-de-braço a torta e a direita. E a Justiça precisa ser sensível as condições sócio-econômicas de nosso povo, que é vítima do descaso das autoridades.

    Sensibilidade que quase nunca falta aos políticos corruptos, que na maioria das acusações são absolvidos. O critério para tanta impunidade deve ser uma breve análise das condições históricas de nossa política resumida no conhecido samba do malandro Bezerra: “Se gritar: Pega ladrão! Não fica um meu irmão.” Os juízes preferem evitar a fadiga ao agirem com equidade.

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