quinta-feira, julho 07, 2011

Não está Direito

Já está virando tradição a multidão de reprovados no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Em 2008 o índice de aprovação era de 30%. Já esse ano apenas 12.500 candidatos passaram num total de 104.000 escritos. Aproveitamento pífio, cerca de 11%. Por que os estudantes de Direito não estão fazendo direito a prova?

O presidente nacional da Ordem, Ophir Cavalcanti, soltou o verbo e deu a seguinte declaração: “Nós estamos vivendo um verdadeiro estelionato educacional, em que o cidadão entra na faculdade com a promessa de sair com um diploma para ser advogado e acaba saindo de lá sem qualquer tipo de possibilidade de estar no mercado de trabalho.”

Além de cobrar mais rigor do MEC, que vêm aprovando rapidamente muitos cursos de Direito: ”Nós não podemos continuar criando cursos de direito a cada esquina nesse país. Precisamos ter responsabilidade”, afirmou Cavalcanti. E parece que ele tem razão. Existem 1.174 cursos espalhados pelo Brasil, só 40 deles aprovados esse ano.

A OAB divulgou uma lista de 90 instituições, todas particulares, que não aprovaram nenhum candidato. Aqui em Pernambuco foram duas: a FOCCA e a FACIG, que ficam respectivamente em Olinda e Igarassu, Zona Metropolitana do Recife. De fato, há uma série de faculdades mixurucas, porém o problema é de uma complexidade bem maior.

A Educação no país é horrorosa e todos nós já sabemos disso. Até mesmo as escolas particulares já não são as mesmas. Sobre o ensino público, nem ouso dizer nada. As vítimas desse péssimo sistema obviamente é o alunado. Crescem achando que aprenderam o suficiente, que estão preparados, o que é uma grande mentira.

O vestibular é aquela coisa macabra, uma espécie de ritual que o jovem deve passar para ser considerado agora um adulto, e acumula frustrações. Os cursos disponíveis nas Universidades públicas estão sendo ocupados pelos “filhinhos de papai”, estudantes dos melhores colégios. O que resta aos demais?

Hoje há mais possibilidades. Prouni, FIES, e tantos outros programas que estimulam o estudante a ser um universitário de uma faculdade privada. Os que não conseguem tal benefício ralam um bocado em subempregos e com o mísero salário que recebem pagam as suas mensalidades. Uma bola de neve no orçamento difícil de controlar.

Junta-se isso há um comodismo e descaso peculiar dessa “geração fest-food”. Tudo é tão rápido, tão agitado, tão avassalador, que disciplina para passar algumas horas lendo e estudando soa como uma blasfêmia para os jovens baladeiros que pretendem abraçar o mundo com as mãos. Uma cadeia de fatores que induz ao fracasso.

Se for aumentar o rigor das avaliações nessas instituições, os alunos desmotivados com as notas ruins abandonarão o curso. Isso não é bom para as empresas, ou, digo, faculdades. Melhor que reprová-los durante a graduação é deixá-los reprovar na prova da OAB. Isso não está direito, eu sei, mas é assim que funciona. Sempre funcionou, desde o jardim da infância até o ingresso ao Nível Superior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário