sábado, julho 16, 2011

Toma lá, Da cá


Nesta quinta-feira a Justiça argentina sentenciou um ex-general e um ex-coronel à prisão perpétua por crimes cometidos por eles no período ditatorial que durou de 1976 a 1983. O julgamento dos torturadores foi acompanhado por parentes das vítimas e ativistas dos Direitos Humanos.


O governo argentino já condenou 210 carrascos e outros 500 processos estão em andamento. Chile e Uruguai também estão acertando as contas com esses criminosos que por um bom tempo acharam que estavam acima da lei. E o Brasil? Nosso povo parece ter uma memória caduca e esqueceu rápido os anos de chumbo que por aqui derramaram muito sangue jovial.

Na argentina, a sociedade não quis ser cúmplice da morte de tantas pessoas, sobretudo os jovens. O povo é o primeiro a fazer coro para que os algozes sejam punidos. Já os brasileiros mantém uma certa indulgência, e a grande maioria desconhece esse passado tão recente e tão tenebroso que durou duas longas décadas.

A complacência tem uma explicação: A censura na época do Regime Militar deixou a população anestesiada e para isso contou com a ajuda da TV Globo e suas Tele Novelas. O futebol também foi importante nesse sentido.No filme “Batismo de Sangue”, inspirado no livro homônimo de Frei Betto, há uma cena que ilustra bem esse período. Vale à pena discorrer sobre ela.

O Frei Betto, interpretado pelo ator Daniel de Oliveira, vive na clandestinidade e tenta fugir do país. Pára num bar e vê a notícia de que Carlos Maringhela havia sido morto, alvejado pela polícia. Extasiado, o frei conhecia o guerrilheiro pessoalmente, olha ao seu redor com certa vertigem enquanto que os freqüentadores do bar comentam sobre a possibilidade de Pelé marcar o seu milésimo gol.

Outro fator que deixa os torturadores impunes em nosso país é um acordo selado entre o governo e a nata empresarial. Não é difícil de entender. Praticamente todas as empresas que financiaram a ditadura ainda estão atuando no mercado. Mexer no passado é trazer à tona a lama podre envolvendo nomes tais como do Grupo Pão de Açúcar, Grupo Camargo Correa, Rede Globo e Folha de São Paulo.

Imagine os produtos dessas marcas associados com a tortura e morte brutal que muitos estudantes, jornalistas e opositores partidários sofreram? Temendo a destruição da sua imagem e conseqüentemente uma possível queda nas vendas, os empresários financiam as campanhas eleitorais com quantias grandiosas. É um cala boca pra livrar a barra deles. O bom e velho toma lá, da cá. 

Um comentário:

  1. Muito podre!!! Fico com nojo diante de tamanha impunidade...God save the Brazil!!!

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