sexta-feira, julho 15, 2011

Tráfico S/A


Quando se fala em crime organizado é porque o negócio é organizado mesmo. Ontem numa operação na comunidade da Corea, zona norte do Rio de Janeiro, a polícia apreendeu papéis que mostram que a quadrilha de traficantes, da qual 13 homens foram presos, era muito bem articulada e funcionava como uma empresa.

Plano de carreira, boa remuneração, sistema de previdência e uma série de benefícios que grande parte dos trabalhadores do país não recebe. O chefe de segurança ganha R$ 3000,00 e aqueles que foram baleados pela polícia ou presos recebem uma “bolsa” de R$ 1500,00 pagos em espécie e sem atraso.

As pobres viúvas do tráfico também são recompensadas e recebem semanalmente R$ 250,00. Tudo isso acaba sendo um atrativo para que os traficantes tenham sempre a sua disposição apoio e mão-de-obra em abundância para o seu rentável empreendimento. Apesar dos pesares, adolescentes são seduzidos a entrar nessa vida bandida em busca de status e grana.

Não é algo particular dos morros cariocas. Em Jundiaí os traficantes aliciam menores com premiações tais como roupas de marca e motocicletas. É uma espécie de comissão pela venda dos entorpecentes. Os bam-bam-bans do negócio ilícito, porém lucrativo, são tidos como heróis e até bem mais estimados que os políticos e a própria polícia.

Traficante não é bobo, ele sabe muito bem onde o Estado peca, e por isso vai lá e realiza aquilo que o poder público deveria ter feito e não fez. Forma-se assim um Segundo Estado: monárquico, absoluto e tirânico, mas que compensa tudo isso prestando “bons serviços” aquela comunidade carente e esquecida pelos governantes.

O assunto é delicado e não é apenas uma questão de segurança pública. É um fato de interesse social e também econômico. O polêmico documentário “Quebrando o Tabu” discute a proposta da descriminalização das drogas para puxar de vez o tapete dos criminosos que formam os seus impérios vendendo os produtos proibidos.

O título do filme é bastante sugestivo. Necessário é quebrar tabus e tentar achar o melhor caminho para que esses criminosos não sobrevivam mais à custa da venda de drogas. Todo o esforço empregado até então, do combate através da coerção policial, mostrou-se ineficaz. E no fim das contas quem acaba pagando o pato é o povo. O caso do menino Juan é prova disso.

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