quinta-feira, dezembro 29, 2011

Jesus de Bermuda



Se tem algo que eu gosto de imaginar é como Jesus seria se vivesse em nosso século e em nossa cultura. Fico imaginando Jesus brasileiro, nordestino, morador da periferia e possivelmente negro, como grande parte da nossa população. E nas minhas visões, Jesus usaria bermuda e chinelos na maior parte do tempo, talvez uma calça jeans e um tênis surrado. E de uma coisa estou convicto: Ele ia adorar futebol, a nossa mania nacional.

Muitos se escandalizam com essa minha conjectura. Uma vez falei sobre isso com minha avó, que faz parte de uma centenária denominação pentecostal, e ela torceu o nariz quando disse coisas tais. Sabe por que isso acontece? Porque as pessoas estereotiparam a imagem do “crente”. O religioso em nosso meio tem certas peculiaridades que o destacam dos demais. É um adereço aqui, uma vestimenta ali, uma expressão acolá... coisinhas que identificam o Evangélico apenas pelos aspectos externos.

Jesus em nosso meio não seria enquadrado a esses figurões. Pois isso tudo é característico da conduta farisaica, o próprio Rabi condenou essa preocupação com o exterior, essa máscara de “bom moço” que inflama o ego dos religiosos. Leia Mateus 23 e veja quanta coisa semelhante aos fariseus existem nas nossas igrejas. E falando em Igreja, Cristo não teria espaço em muitas delas, e em algumas entraria apenas para expulsar os vendilhões, tal como fez no Templo de Jerusalém (Mateus 21:12).

Cristo não foi um religioso, ele seguia as tradições e a cultura judaica, mas não se prendeu aos paradigmas de seu povo. Chegou até mesmo a quebrar algumas regras, tal como a passagem em que ele e seus discípulos comem sem lavar as mãos (Mateus 15). Algo chocante pra época. Como homem, falou com uma mulher, e o pior: uma mulher samaritana, justo do povo inimigo. A própria se escandalizou com tamanha ousadia (ler João 4). Ações como estas fizeram João Batista ficar confuso: Seria esse homem o Libertador de Israel?

Lá foram os dois discípulos de João procurar o Nazareno e perguntar se ele era mesmo o Messias ou haveriam de esperarem outro (Lucas 7: 19). Jesus então mostrou o Reino Manifesto e na mesma hora curou vários enfermos, muitos deles, marginalizados pela sua baixa condição social. Essa foi a sua resposta. E o seu arremate foi: “Feliz aquele que não se escandaliza por minha causa” (Lucas 7:23). Aleluia! Saiamos do estereótipo e mergulhemos na essência do Cristianismo. E que o mundo conheça o Cristo que muitos escondem há séculos. Amém.

2 comentários:

  1. Possivelmente o Jesus dos dias de hoje,naquelas condições citadas, passaria desapercebido pela sociedade, apareceria em programas policiais < ironizado > por suas pregações, ou devaneios como chamariam os apresentadores. Quem sabe se ele não já passou por nós e não o notamos.

    Hangner Correia.

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  2. Meu caro Thiago, Jesus voltasse aqui agora nos dias atuais, e Ele Vai voltar! Eu creio na promessa, a humanidade não lhe daria crédito.
    Em tempo: gostei do papel de parede tá mais bonito. Valeu Thiago.

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