sexta-feira, abril 05, 2013

Proselitismo Ateu: Eis que Surge Uma Nova Igreja.

É assim que se luta por respeito? Quantas culturas não foram ridicularizadas nessa imagem?

Uma coisa tem chamado a minha atenção nas redes sociais: São postagens de militância ateia, uma espécie de campanha de desevangelização, na qual existem até reuniões. Vez ou outra vejo um evento de alguma associação de ateus e fico a me perguntar: Eles estão formando uma igreja? Pois de fato, há uma semelhança com as atividades religiosas. Acho muito engraçado esses caras, que tentando aniquilar a religião, acabam tomando os moldes da mesma.

Igreja, no grego, ekklesia, foi o termo usado na Septuaginta (tradução da Bíblia Hebraica para o Grego) para definir a assembleia geral do povo do deserto, sob a liderança de Moisés. A mesma palavra começa a ser usada pelos cristãos, que se reuniam em casas para orar, salmodiar, testemunhar sua fé em Cristo e receberem a doutrina dos apóstolos. Essas reuniões, de pessoas vinculadas ao mesmo proposito, é a Igreja. Lá eles comungam da mesma crença, tal como fazem os ateus do século XXI.

Seria bom se todos tivessem a noção de que o “não crer” já se constitui em uma outra forma crença. Por que digo isso? Ora, a fé é um instrumento que faz as pessoas acreditarem em algo que não pode ser provado. Empiricamente, não se pode afirmar a existência de Deus, da mesma forma, não podemos negá-lo a partir do método científico. A partir do momento que nego a divindade, sem provar por A+B, isso caracteriza-se como fé. Passo então a crer que “Deus não existe.”

A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) em seu site, diz que sua finalidade é “desenvolver atividades no campo da ordem social que busquem promover o ateísmo, o agnosticismo e a laicidade do Estado.” E o seu estatuto trás como objetivo, “congregar ateus e agnósticos em todo o território nacional.” Interessante também é ver seu material de campanha, como por exemplo uma imagem que mostra Chaplin e Hitler, e mencionando que o primeiro não cria em Deus, diferente do ditador nazista, que cria. E em todas as imagens há a logomarca da ATEA seguido da frase: Diga não ao preconceito contra os ateus.

Hilário foi ver que os mesmos organizam uma marcha intitulada: “Marcha em favor da Bíblia e Suas Contradições.” Que levará alguns militantes a caminharem pela Avenida Paulista-SP com cartazes ridicularizando passagens bíblicas. Então é assim que eles querem acabar com o preconceito? Na verdade, muitos só fazem respaldá-lo, pois desconhecem a Escritura e tentam achar contradições em textos isolados e precipitadamente interpretados. Muitos sequer leram a Bíblia por completo. Como falar de uma obra sem conhecê-la? Equivocados, marcharão fazendo exatamente aquilo que dizem rechaçar. O que fazem é semelhante ao discurso: “minha religião é melhor que a sua.” Pois bem, esperemos que os mesmos lancem o seu catecismo. Só era o que faltava...

5 comentários:

  1. Hahaha! Bom ponto de vista! O imortal Arturo Escobar inclusive nos ensinou que "Deus existe?" não é uma pergunta por não ter resposta. Ou seja: respondeu sim ou não, é crente.
    Discordo da postura da ATEA em promover o ateísmo, mas concordo com a defesa do estado laico. Mas não me acho no direito de questionar a fé de ninguém, tampouco de promover a destruição da religião e/ou da religiosidade.
    FInalmente, acho que ateu que se praza respeita, antes de tudo. Brincar pode ser até aceitável; ofender, nunca! E como combater a perseguição perseguindo? Não faz sentido.
    Grande artigo, parabéns!

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  2. Hum...
    Não enxergo tanto essa militância de desevangelização quando, nas redes sociais, as pessoas expressão a sua identificação por não crer em uma deidade. Acho que é da mesma forma que os religiosos postam '': Bom dia, Deus irá contigo'' ou fotos sobre a sua fé. É a expressão, e cada um que expresse sua concepção.
    Sobre fé, todos tem, e tem naquilo que acredita. Mas a fé que muitas vezes é falada por ateus e afins é a fé na religião e no ser superior, não a fé humana no geral. É aquela fé alienada no ''não'' conhecimento das particularidades de sua religião, ou a fé até mesmo para ter poder de se questionar se procede tal ideologia. Afinal, penso que se a pessoa admite conhecer tudo, ela não conhece nada, pelo fato do conhecimento não ser finito.
    Aí entra as sátiras, piadas, ironias, que muitas vezes sinto desrespeitar a fé religiosa dos outros. Pelo fato de não acreditar, por exemplo, em Buda, não me sinto confortável em ver imagens sendo veiculadas desrespeitando. A tolerância e o respeito religioso deve existir. Porém, no Brasil, não é da mesma forma que um ateu expressa suas ideias quando um religioso expressa. Como também até algumas religiões não são respeitadas como deveriam no meio religioso: Cansa você, por exemplo, ir a um culto evangélico e ver que 85% da pregação é desrespeitando os orixás e entidades da Umbanda, por exemplo. Se existe Marcha pra Jesus, seria interessante ver uma Marcha pra Odin.
    Os conflitos religiosos são, pra mim, a maior expressão de que não é saudável ao ser humano ter como base de vida os decretos e direitos religiosos.
    E a semelhança das articulações ateístas com as religiosas não é de se espantar, pelo fato de integrar justamente pessoas, seres humanos. Óbvio que é mais "visível" ter atitudes como marchas, reuniões, palestras, semelhantes até às religiosas, justamente para ter a liberdade de expressão. A diferença é que não é de caráter de convencimento, e sim de cunho ideológico, estratégico na troca de informações...
    Em resumo, as manifestações ateístas são reflexos de uma predominância religiosa no Brasil, que não condiz com a laicidade. Além disso, as próprias religiões não trazem, na minha opinião, as ferramentas necessárias na construção humana. É parte integrante, ou não. Por isso que tantas propagações ateístas: não precisa de religião para ser humano.
    Difícil o Brasil entender isso...

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  3. Também não acho que precise de religião para ser humano, nem tão pouco de ateísmo...a questão do crer ou não crer em Deus é irrelevante quanto a questão de construir uma ética pragmática, ou seja, respeitando o ser humano...Não acho legal mexer com os ícones sagrados de ninguém, mesmo em tom de sátira...religião é algo muito pessoal, emocional e arraigado no coração das pessoas, mexer nisso é cruel e desrespeitoso...e critico tal postura pq a ATEA quer respeito aos ateus...então q pratiquem primeiro, não fiquem se "trocando" com postagens religiosas, elevem a sua causa com atitudes mais nobres e mais tenazes...bem, foi isso...abraço Diegão, bom vê-lo aqui!

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  4. Não entro nem no mérito de uma Associação, que não sou associado KKK, nem to defendendo a ATEA, e tal...
    O que defendo, é a minha opinião, e ela é simples: Algumas pessoas não precisam da religião.
    E, Thiago, não é irrelevante o fato da pessoa crer em Deus ou não. É significativo socialmente. Quando a pessoa começa a expressar que não acredita em Deus (Ou Deuses, em Dinvindades religiosas), já olham de forma estranha, já criam concepções muito mais escandalosas.
    Então, a influência religiosa nos seres humanos existe, e acho que sempre existirá, pelo menos aqui no Brasil.
    Por isso que meu ''sonho'' é ir pra Suíça...KKKK

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  5. falo irrelevante não nesse contexto, mas num plano ideal...se houver respeito mútuo, não interessa quem for religioso e quem não for...esse é um passo q precisamos dar e que vai além dessa dicotomia...só o fato de ter determinado posicionamento político, faz que vc seja desrespeitado e não aceito....e assim caminha a humanidade: desintegrada e autodestrutiva...

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