Incrível como existem pessoas
decepcionadas com Deus e com o Evangelho. Essas pessoas, tempos atrás, estavam
devotadas quase que 24 horas, 7 dias por semana dentro das igrejas. Obreiros
dedicados a “ministérios poderosos” que cegamente confiavam em Pastores,
Profetas e Apóstolos. Hoje estão por aí juntando os cacos, tentando se
reabilitar e tocar suas vidas sem serem atormentadas pelo espectro do nicolaísmo.
No livro do Apocalipse, mais
precisamente nas cartas endereçadas às igrejas de Éfeso e Pérgamo, o próprio
Cristo elogia a primeira e reprova a segunda. Uma é contra as práticas dos
nicolaítas e a outra a alimenta. O Senhor deixa claro que odeia a doutrina dos
nicolaítas. Mas afinal, quem são estes? Dentre várias teorias a respeito do
nicolaísmo, gosto da que leva em consideração a etimologia. Esse termo grego é
uma junção de duas palavras que significam: estar sobre (conquistar) o povo
comum.
Nicolaismo, seguindo a linha
etimológica, é a crença de que existe uma “casta espiritualmente privilegiada”.
Na história do Cristianismo, o maior exemplo desse credo talvez seja a
diferenciação que os católicos fazem entre leigos e clero. Os clérigos formam
uma hierarquia que detém a espiritualidade. No topo da pirâmide está o Papa,
resguardado pelo conceito da “Infabilidade”, ou seja, ele não erra. Jamais
erra. São homens que assumem o papel de mediadores entre Deus e os “homens
comuns”. Questioná-los é inviável, pois isso pode gerar inúmeros problemas para
aquele que “tocar no ungido do Senhor”.
Essa expressão (ungido do Senhor)
vem sendo propagada no seio evangélico. O líder religioso, isto é, o Pastor,
através do exercício carismático, coloca-se numa posição acima de qualquer
suspeita. Em muitas congregações o líder sabe tudo e faz mais que todos: ele
ora mais, ele lê mais a bíblia, ele profetiza, exorciza, abençoa, cura, liberta
e por aí vai. O pastor é o herói. A comunidade parece gostar de usufruir de
tamanha intromissão na vida pessoal. Para muitos, o pastor diz o que vestir, o
que comer, se casa ou não e uma série de outros conselhos, transformados em
mandamentos.
O que precede a queda de um
ministério, e por consequência o ferimento de uma parcela considerável de
membros, é justamente, esse personalismo. Colocamos os sacerdotes em um
pedestal que quando eles se apegam difícil se torna retirá-los de lá. Vi muitos
falarem de como o Papa Francisco foi idolatrado durante a Jornada Mundial da
Juventude. Engraçado é que entre os Evangélicos, costumamos venerar os nossos
“papas”. Se o pastor disser (e de preferência num veículo midiático) que o azul
não é azul e sim amarelo, um rebanho mal alimentado com a Palavra defenderá com
unhas e dentes tamanha baboseira.
Davi, não tocou no “ungido do
Senhor”, por não querer matá-lo. Mas daí a dizer que ele não se opôs a Saul é
pura enganação. Ele e tantos outros personagens bíblicos confrontaram
autoridades político-religiosas. Não tenha medo de contrariar um líder que
deturpa a Bíblia. Medo é o que querem te fazer sentir, para que o poder seja
perpetuado. Um pastorzinho aí falou que não devemos ser rebeldes, senão morremos.
Sendo assim, já estaria morto e incinerado. Lembram que Paulo, ainda novo na
fé, repreendeu Pedro por este se apartar dos gentios na presença dos judeus? E
alguém aqui ainda se lembra de um tal Lutero?
O que seria da história do
Cristianismo se Lutero não confrontasse a Sé Romana, por estes serem “ungidos
do Senhor”? Rebeldia é não acatar a autoridade que exerce o seu governo de
acordo com os princípios bíblicos. Se qualquer líder religioso agir fora da
Palavra, tenho o dever moral de repreendê-lo e deixar de segui-lo, caso ele não
queira se submeter ao Senhorio de Cristo. Não se deixem levar pelo medo. Os
falsos profetas adoram amaldiçoar aqueles que conhecem suas falhas de caráter. Antes
de mais nada, é preciso averiguar os fatos e caso fique provado por A + B que determinado
pastor é desonesto, não fique em cima do muro. Você não precisa vociferar
contra ele, todavia não ouse defender os simoníacos. Os que mercadejam o
Evangelho não são intocáveis, e muito menos ficarão impunes.
Não há hierarquia no Cristianismo, o que existe são atribuições diferentes. Pastor não é infalível, apenas Cristo é. Não existe mediação na relação entre Deus e os seus eleitos. Todos temos acesso direto ao Pai, e como diz o apóstolo Paulo: "Cheguemos ao trono da Graça tendo plena certeza de fé". Ame e obedeça a sua liderança. No caso de desvio de conduta deles, continue amando, e por amor mostre onde se tem tropeçado. As pessoas que cegamente divinizam seus pastores, acabam assediados pelos mesmos, gerando feridas que custam cicatrizar. Não seja abusado pela religiosidade. Seja liberto pelo Evangelho. Seja livre para glorificar a Deus. Amém.
Parabéns!!!
ResponderExcluirTantas são as aberrações e abusos que ler um texto com tamanho equilíbrio é um prazer, pena que só os grotescos se destacam...