quinta-feira, dezembro 19, 2013

Norton I: O Imperador dos Estados Unidos


Contando com Obama, os Estados Unidos tiveram 43 presidentes diferentes. O modelo democrático consolidado desde a sua independência no século XVIII é motivo de vanglória de muitos estadunidenses, que consideram a sua nação como um exemplo de democracia. Mas, todos sabem que o país sempre adotou uma postura imperialista-expansionista (o México que o diga). O que não é muito conhecido é que os ianques já tiveram um imperador: Norton I.

Em meados do século XIX, o britânico Joshua Abrahan Norton proclamou a si mesmo Imperador dos Estados Unidos e Protetor do México. Na verdade, se tratava de um “doido varrido” que perdeu o juízo após entrar em falência. Na tentativa de obter o monopólio do arroz em São Francisco, comprou praticamente todo o estoque da cidade. Infelizmente, não pode tirar vantagem do preço inflacionado do produto, pois, mais dois navios abarrotados de arroz atracaram no porto da cidade, e toda sua posse foi desvalorizada. Se não pode “ganhar o mundo” como um homem de negócios, porque não como um chefe de Estado?

Após o seu fracasso como “Rei do Arroz”, ele some por uns tempos da cidade e reaparece já com a identidade que lhe projetaria na História. Com a cooperação do jornal local, o Boletim de São Francisco, que publicou a sua proclamação oficial do Imperador, Norton I convocava os cidadãos para se reunirem no Salão Musical para fazer as devidas alterações nas leis da União. Obviamente ninguém compareceu.

Norton andava pelas ruas certificando-se de que tudo estava em ordem. Era um monarca exigente. Sempre acompanhado de dois vira-latas e com seu fardão imperial doado por um general. Ganhou a simpatia de todos e tinha as suas ilusões alimentadas pela população. Os comerciantes, sobretudo donos de restaurante disputavam a sua presença. Em peças, concertos e desfiles cívicos sempre obtinha um lugar de honra. O departamento de polícia reservou para ele uma cadeira especial e os cadetes da universidade podiam ser revistados pelo Imperador.


Além de decretos e leis, Norton também publicou cartas para outros governantes, além da emissão de uma moeda própria, que hoje é artigo de colecionador (foto acima). Foi honrado em vida e também em morte, pois seu falecimento repentino comoveu São Francisco em peso, que ficou de luto. Lojas fechadas, bandeiras a meio-mastro. Cerca de 20 mil pessoas foram prestar as últimas homenagens. Foi enterrado no cemitério maçônico e as despesas do seu funeral foram pagas pelos mais ricos da cidade.

Suas posses se resumiam em alguns chapéus, poucos dólares, uma espada e uma bengala. Uma frase que pode descrever o “governo” de Norton é a do chefe de polícia que disse: “Ele não derramou nenhum sangue, não roubou ninguém, não pilhou país nenhum. Isso é mais do que pode ser dito de outros Imperadores”. Norton podia ser maluco, mas era do bem, ao contrário de muitos governantes que gozam perfeitamente bem de suas faculdades.


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