Contando com Obama, os Estados
Unidos tiveram 43 presidentes diferentes. O modelo democrático consolidado
desde a sua independência no século XVIII é motivo de vanglória de muitos
estadunidenses, que consideram a sua nação como um exemplo de democracia. Mas,
todos sabem que o país sempre adotou uma postura imperialista-expansionista (o
México que o diga). O que não é muito conhecido é que os ianques já tiveram um
imperador: Norton I.
Em meados do século XIX, o
britânico Joshua Abrahan Norton proclamou a si mesmo Imperador dos Estados
Unidos e Protetor do México. Na verdade, se tratava de um “doido varrido” que
perdeu o juízo após entrar em falência. Na tentativa de obter o monopólio do
arroz em São Francisco, comprou praticamente todo o estoque da cidade. Infelizmente,
não pode tirar vantagem do preço inflacionado do produto, pois, mais dois
navios abarrotados de arroz atracaram no porto da cidade, e toda sua posse foi
desvalorizada. Se não pode “ganhar o mundo” como um homem de negócios, porque
não como um chefe de Estado?
Após o seu fracasso como “Rei do
Arroz”, ele some por uns tempos da cidade e reaparece já com a identidade que
lhe projetaria na História. Com a cooperação do jornal local, o Boletim de São
Francisco, que publicou a sua proclamação oficial do Imperador, Norton I
convocava os cidadãos para se reunirem no Salão Musical para fazer as devidas
alterações nas leis da União. Obviamente ninguém compareceu.
Norton andava pelas ruas
certificando-se de que tudo estava em ordem. Era um monarca exigente. Sempre
acompanhado de dois vira-latas e com seu fardão imperial doado por um general.
Ganhou a simpatia de todos e tinha as suas ilusões alimentadas pela população.
Os comerciantes, sobretudo donos de restaurante disputavam a sua presença. Em
peças, concertos e desfiles cívicos sempre obtinha um lugar de honra. O
departamento de polícia reservou para ele uma cadeira especial e os cadetes da
universidade podiam ser revistados pelo Imperador.
Além de decretos e leis, Norton também
publicou cartas para outros governantes, além da emissão de uma moeda própria,
que hoje é artigo de colecionador (foto acima). Foi honrado em vida e também em morte, pois
seu falecimento repentino comoveu São Francisco em peso, que ficou de luto.
Lojas fechadas, bandeiras a meio-mastro. Cerca de 20 mil pessoas foram prestar
as últimas homenagens. Foi enterrado no cemitério maçônico e as despesas do seu
funeral foram pagas pelos mais ricos da cidade.
Suas posses se resumiam em alguns
chapéus, poucos dólares, uma espada e uma bengala. Uma frase que pode descrever
o “governo” de Norton é a do chefe de polícia que disse: “Ele não derramou
nenhum sangue, não roubou ninguém, não pilhou país nenhum. Isso é mais do que
pode ser dito de outros Imperadores”. Norton podia ser maluco, mas era do bem,
ao contrário de muitos governantes que gozam perfeitamente bem de suas
faculdades.
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